O mercador
* Por
Alberto Cohen
Não terá, jamais, um fim a imensa estrada,
mas ele a seguirá.
Cães tentarão mordê-lo em cada encruzilhada
e ele sorrirá.
O tempo, a chuva, o raio, não impedirão
que seus olhos esfatiem almofadas de nuvens
em busca de estrelas,
e o coração palpite, jovem de novo,
à simples menção
da palavra amor.
Desbravador suave dos subterrâneos
onde a alma disfarça com pintura de festa
os atávicos medos,
estende as mãos repletas de achados perdidos
e suplica pela aceitação da oferta
de uma coisa antiga, vinda de tão longe
que não se adivinha se é espinho ou flor.
Pois que não tenha fim, jamais, a imensa estrada
e os cães tentem mordê-lo em cada encruzilhada.
Mascate de sonhos,
ele seguirá,
com seu tabuleiro de quinquilharias,
tecendo miçangas com fios de ternura,
fazendo promessas de rimas e curas,
gritando pregões de pechincha e poesia.
E sorrirá.
*
Poeta e escritor paraense
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