sexta-feira, 4 de junho de 2010




Imaginação

* Por Rodrigo Ramazzini

Na rua, próximo a uma casa lotérica.
- Olha só, grande Clóvis! Vai fazer uma fezinha?
- Sempre é bom tentar, né?
- É sim! Mas como vai o amigo?
- Tudo tranqüilo! E contigo, Duarte?
- Tudo na santa paz, também! No fim, não pude ir à pescaria aquele dia...
- Pois é... Perdeu...
- Mas outro dia eu vou com certeza! Pegaram muita coisa?
- Nada!
- Como nada? Nenhum peixe?
- Nenhum... Caíram todos na água de volta...
- Como caíram na água?
- Caindo... Foi na hora que o barco virou...
- O barco virou?
- Virou...
- Como Virou?
- Virando...
- Mas o que aconteceu para ele virar?
- Foi na hora do foguete...
- Que foguete?
- Do Mariozinho...
- Tinha que ser! Não perde essa mania. Aposto que foi largar um foguete e balançou o barco, né?
- Não!
- O que foi então?
- Ele pegou o foguete invertido.
- Estourou dentro do barco?
- Arãn!
- Nossa! E atiraram-se todos dentro da água?
- Arãn!
- Mas não se machucaram?
- Eu não, mas o resto sim...
- Como?
- Enrolados nas redes...
- Podiam ter morrido?
- Mas morreu.
- Quem morreu?
- O Max!
- Que Max?
- A chinchila do Arthur...
- O que a chinchila do Arthur fazia junto lá?
- Iria servir de iscas para os jacarés...
- Mas nem tem jacaré onde vocês foram pescar!
- Pois é...
- Dessa vez vocês se superaram na história...
- Na hora que estávamos combinando, eu avisei...
- Ficou muito cheia de detalhes... Muita absurda!
- Absurda mesmo!
- Bah! Bota absurda!
- Mas tu conheces o Seu Rodrigo Ramazzini...
- Se conheço a peça! Ele e aquela cabeça desvairada dele...
- Pois é... Bateu pé que essa seria a versão da semana. Ninguém conseguiu fazer com que aquele doido mudasse de idéia.
- Imagino! Nenhuma mulher desconfiou dessa estória?
- A mulher do Aguinaldo...
- Putz! E aí?
- O Aguinaldo solucionou o problema comprando uma cozinha nova...
- Menos mal! Não podemos mais deixar o Rodrigo inventar essas estórias sem pé nem cabeça, pois qualquer hora vai ser descoberta a verdadeira e nós vamos nos ferrar!
- Pois é...
- Mas quando vai ter pescaria de novo?
- Até nem sei!
- Pescaria não! Quer dizer... Há! Há! Há!
- Fica quieto, estamos na rua...
- Eu sei! Estou brincando. Imagina se eu vou falar...

* Jornalista

4 comentários:

  1. Sempre me intriga as caras dos pescadores
    amadores quando voltam pra casa sem nem
    uma isca pelo menos...
    Há Há! Seu Rodrigo! Também de que vale uma
    pescaria sem uma mentirinha? rsrs
    Muito bom seu texto, divertido e redondinho.
    Abração e bom fim de semana!

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  2. Núbia,

    A intenção era com leveza e bom humor, homenagear a imaginação...

    Tenha um ótimo final de semana!

    Aquele abraço!

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  3. Adorei, Rodrigo! Divertido e original! Abraço!

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  4. Muito melhor do que pescar, que dizem ser um prazer supremo, é inventar as histórias de pescador. Muito boa esta!

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