quarta-feira, 5 de maio de 2010




Limiar

* Por Sayonara Lino

Aqueles que estão na borda, o que ainda conseguem suportar? Os que estão na linha divisória, tateando sem ter exatamente um rumo certo, será que enxergam luz por alguma fresta? Abrem portas e janelas ou aguardam sedentos, inquietos, trancados no emaranhado dos quartos escuros e fundos da casa?

Olhe, eles não agüentam a suavidade dos que desfilam aparentando êxito, sentindo-se gloriosos, em cima de suas precariedades. Ainda ontem me contaram que os tolos fazem festa e ensaiam um ar de sofisticação e alegria plastificadas.

Os que estão na fronteira, sem espaço para avançar, circulam em torno de um incômodo latejante. Podem estar reprimidos, lutando para apaziguar seus instintos. Ah, mas se eles transbordarem, o que esperar?

Não ignore, observe esses divididos que ainda clamam, gritam, suplicam por ajuda. Não deixe que eles afoguem ensimesmados, não permita que eles tropecem nos equívocos e caiam.

Há indivíduos assim: estão aqui, acolá, no limiar.

* Jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. Colunista do portal www.ubaweb.com/revista.

6 comentários:

  1. O comodismo ou à conveniência faz com
    que as pessoas desviem seus caminhos
    apenas para não enxergarem o desespero
    do outro e assim continuarem em suas
    vidinhas medíocres e confortáveis.
    Belo texto Sayonara.
    Parabéns!
    Beijos

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  2. Estamos todos no limiar,tateando no escuro,
    tentando encontrar uma saída.
    Alguns conseguem viver melhor de aparência...e por aí vai.
    Beijão

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  3. Nem sempre aqueles que se encontram no escuro deixam que os outros percebam.Gostei do texto, Sayonara.
    Beijos

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  4. Obrigada pela atenção de todas vocês! Beijos!

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  5. A minha mãe dizia que o limite entre a sanidade e a loucura é muito tênue, e que quem enlouquece não sabe que isso aconteceu. É como se houvesse uma cortina e que em um dado momento a pessoa sem querer transpusesse esse limite imaterial. O seu texto dá margem para outras interpretações, inclusive a questão social e a distância entre as classes. Eu o vi como a separação entre a lucidez e a insanidade. Bom para refletirmos sobre as nossas impossibilidades.

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  6. Obrigada,Mara, pelo comentário. A intenção realmente foi essa, refletir entre o limiar entre sanidade e loucura. Abraço!

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