sábado, 6 de fevereiro de 2010




O dia da ira

* Por Adélia Prado

As coisas tristíssimas,
o rolomag, o teste de Cooper,
a mole carne tremente entre as coxas,
vão desaparecer quando soar a trombeta.
Levantaremos como deuses,
com a beleza das coisas que nunca pecaram,
como árvores, como pedras,
exatos e dignos de amor.
Quando o anjo passar,
o furacão ardente do seu vôo
vai secar as feridas,
as secreções desviadas dos seus vasos
e as lágrimas.
As cidades restarão silenciosas, sem um veículo:
apenas os pés de seus habitantes
reunidos na praça, à espera de seus nomes.

* Poetisa

Um comentário:

  1. Lembrei-me do "Trem das sete" de Raul Seixas, com o Bem e o Mal abraçados durante a hecatombe final.

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