domingo, 8 de novembro de 2009




Bilhete em papel rosa

* Por Adélia Prado

A meu amado secreto, Castro Alves.

Quantas loucuras fiz por teu amor, Antônio.
Vê estas olheiras dramáticas,
este poema roubado:
"o cinamomo floresce
em frente ao teu postigo.
Cada flor murcha que desce,
morro de sonhar contigo".
Ó bardo, eu estou tão fraca
e teu cabelo tão é negro,
eu vivo tão perturbada, pensando com tanta força
meu pensamento de amor,
que já nem sinto mais fome,
o sono fugiu de mim. Me dão mingaus,
caldos quentes, me dão prudentes conselhos,
eu quero é a ponta sedosa do teu bigode atrevido,
a tua boca de brasa, Antônio, as nossas vias ligadas.
Antônio lindo, meu bem,
ó meu amor adorado,
Antônio, Antônio.
Para sempre tua.

* Poetisa

Um comentário:

  1. Hum, que amor lindo! Fiquei dando tratos a bola pensando na imagem que aconteceu na digitação. Seria ela intencional?
    Destaco: "olheiras dramáticas" e a "tua boca de brasa", mas a campeã foi " as nossas vias ligadas". Isso é o que eu chamo de sutileza no ápice da perfeição.

    ResponderExcluir