
Comportamento inconcebível
O preconceito, seja qual for seu tipo, intensidade e abrangência, é sempre uma atitude estúpida, imbecil e inconcebível a pessoas esclarecidas e cultas. Embora haja aparente consenso a esse propósito, este se restringe, apenas, às aparências. Trata-se, isto sim, de comportamento amplamente disseminado, que atinge, praticamente, todas as atividades e países e, via de regra, estigmatiza pessoas brilhantes, que não merecem esses estigmas. A Literatura não está livre dessa praga. E este é o tema que nos interessa.
Muitos e muitos e muitos escritores tiveram carreiras arruinadas por causa dessa atitude estúpida e obscurantista por parte de alguns críticos e de leitores desavisados. O pior é que nenhum preconceituoso admite que o seja, o que suprime qualquer esperança de que venha a se emendar.
Ouço, frequentemente, quando menciono determinados escritores, em conversas sobre Literatura: “Não leio fulano porque é homossexual; não gosto de sicrano por ser negro (ou judeu, ou nordestino, ou seja lá o que for); detesto beltrano porque escreve, apenas, água com açúcar”. E vai por aí afora. Nessas ocasiões, dou a conversa por encerrada, por não querer privar da companhia de interlocutores tão burros.
Escritores notáveis foram (e são) estigmatizados, vítimas desse tipo de estereótipo que, não se sabe por qual razão, lhes impingem. Alguns, é verdade, não se viram afetados em suas trajetórias pelo preconceito e chegaram a conquistar, até, Prêmios Nobel de Literatura (como foi o caso de Ernest Hemmingway, autor dessa magnífica obra-prima que é “O velho e o mar”). Outros, porém...
Walt Whitman, por exemplo, não é lido até hoje por muitos imbecis (e não perde nada com isso), por causa da sua homossexualidade. Lima Barreto foi discriminado,. creio que a vida toda, por ser negro. Os livros de Ezra Pound foram banidos das prateleiras de livrarias mundo afora em virtude do seu desastrado apoio ao nazifascismo durante a Segunda Guerra Mundial. Mas o que tinha a ver sua péssima opção política com sua poesia? Nada! Absolutamente nada! Até porque, esse poeta magistral nunca utilizou seus versos para fazer apologia dessa hedionda ideologia e muito menos para lhe arrebanhar adeptos.
A vítima da vez, do preconceito de alguns pseudo-intelectuais, é o escritor Paulo Coelho. Sempre que menciono algum dos seus livros, sinto um quê de repulsa por parte de alguns “críticos” de ocasião, que fazem pose de intelectuais e de árbitros do bom gosto, sem que de fato o sejam.
Ponderemos. Esse campeoníssimo de vendas já vendeu mais de 50 milhões de exemplares, em mais de 60 línguas e seus editores mal conseguem atender às encomendas, que se multiplicam. Será que há tanta gente assim, no mundo, dotada de pretenso mau gosto, para consumir seus livros? Claro que não! Ou ele, de fato, é um escritor criativo e de talento (alternativa que, para mim, é a que deve prevalecer)?
Se você é escritor, e já tem obra publicada, sabe muito bem que tremenda façanha é conseguir vender, digamos, 500 exemplares. Muitas vezes, essa quantidade nos faz nos considerarmos “best-sellers”. A maioria se contentaria com a venda de reles 50 livros.
Mas Paulo Coelho nunca vendeu essa mixaria. Esgotou edições e mais edições de seus tantos livros e há muito superou a marca dos 50 milhões de exemplares vendidos. Li toda sua obra e não encontrei nada, absolutamente nada que a deslustrasse. Ou seja, não vi qualquer deficiência técnica ou mesmo conceitual (e olhem que sou editor há mais de quarenta anos!). Gostei, particularmente, de dois dos seus livros (embora não tenha qualquer restrição aos demais): “O monte cinco” e “Onze minutos”, que merecem, amplamente, a grande procura que têm por parte dos leitores.
Recordo-me que o poeta J. G. de Araújo Jorge enfrentou, há alguns anos, o mesmo tipo de preconceito. Sua poesia (notadamente seus sonetos) era altamente criativa e sua obra prolífica e jamais repetitiva. Mas sempre que em uma conversa com amigos escritores e críticos literários eu citava algum de seus textos, era um Deus nos acuda. Algumas pessoas me olhavam como se eu fosse marciano, duvidando dos meus critérios de avaliação literária e até da minha cultura. O mesmo já ocorreu, recorde-se, em relação a Jorge Amado, antes da sua definitiva consagração. Hoje, nenhum desses críticos de algibeira ousaria contestar sua grandeza. Cá pra nós, que ninguém nos ouça: “como os preconceituosos são burros!!!”.
Boa leitura.
O Editor.
O preconceito, seja qual for seu tipo, intensidade e abrangência, é sempre uma atitude estúpida, imbecil e inconcebível a pessoas esclarecidas e cultas. Embora haja aparente consenso a esse propósito, este se restringe, apenas, às aparências. Trata-se, isto sim, de comportamento amplamente disseminado, que atinge, praticamente, todas as atividades e países e, via de regra, estigmatiza pessoas brilhantes, que não merecem esses estigmas. A Literatura não está livre dessa praga. E este é o tema que nos interessa.
Muitos e muitos e muitos escritores tiveram carreiras arruinadas por causa dessa atitude estúpida e obscurantista por parte de alguns críticos e de leitores desavisados. O pior é que nenhum preconceituoso admite que o seja, o que suprime qualquer esperança de que venha a se emendar.
Ouço, frequentemente, quando menciono determinados escritores, em conversas sobre Literatura: “Não leio fulano porque é homossexual; não gosto de sicrano por ser negro (ou judeu, ou nordestino, ou seja lá o que for); detesto beltrano porque escreve, apenas, água com açúcar”. E vai por aí afora. Nessas ocasiões, dou a conversa por encerrada, por não querer privar da companhia de interlocutores tão burros.
Escritores notáveis foram (e são) estigmatizados, vítimas desse tipo de estereótipo que, não se sabe por qual razão, lhes impingem. Alguns, é verdade, não se viram afetados em suas trajetórias pelo preconceito e chegaram a conquistar, até, Prêmios Nobel de Literatura (como foi o caso de Ernest Hemmingway, autor dessa magnífica obra-prima que é “O velho e o mar”). Outros, porém...
Walt Whitman, por exemplo, não é lido até hoje por muitos imbecis (e não perde nada com isso), por causa da sua homossexualidade. Lima Barreto foi discriminado,. creio que a vida toda, por ser negro. Os livros de Ezra Pound foram banidos das prateleiras de livrarias mundo afora em virtude do seu desastrado apoio ao nazifascismo durante a Segunda Guerra Mundial. Mas o que tinha a ver sua péssima opção política com sua poesia? Nada! Absolutamente nada! Até porque, esse poeta magistral nunca utilizou seus versos para fazer apologia dessa hedionda ideologia e muito menos para lhe arrebanhar adeptos.
A vítima da vez, do preconceito de alguns pseudo-intelectuais, é o escritor Paulo Coelho. Sempre que menciono algum dos seus livros, sinto um quê de repulsa por parte de alguns “críticos” de ocasião, que fazem pose de intelectuais e de árbitros do bom gosto, sem que de fato o sejam.
Ponderemos. Esse campeoníssimo de vendas já vendeu mais de 50 milhões de exemplares, em mais de 60 línguas e seus editores mal conseguem atender às encomendas, que se multiplicam. Será que há tanta gente assim, no mundo, dotada de pretenso mau gosto, para consumir seus livros? Claro que não! Ou ele, de fato, é um escritor criativo e de talento (alternativa que, para mim, é a que deve prevalecer)?
Se você é escritor, e já tem obra publicada, sabe muito bem que tremenda façanha é conseguir vender, digamos, 500 exemplares. Muitas vezes, essa quantidade nos faz nos considerarmos “best-sellers”. A maioria se contentaria com a venda de reles 50 livros.
Mas Paulo Coelho nunca vendeu essa mixaria. Esgotou edições e mais edições de seus tantos livros e há muito superou a marca dos 50 milhões de exemplares vendidos. Li toda sua obra e não encontrei nada, absolutamente nada que a deslustrasse. Ou seja, não vi qualquer deficiência técnica ou mesmo conceitual (e olhem que sou editor há mais de quarenta anos!). Gostei, particularmente, de dois dos seus livros (embora não tenha qualquer restrição aos demais): “O monte cinco” e “Onze minutos”, que merecem, amplamente, a grande procura que têm por parte dos leitores.
Recordo-me que o poeta J. G. de Araújo Jorge enfrentou, há alguns anos, o mesmo tipo de preconceito. Sua poesia (notadamente seus sonetos) era altamente criativa e sua obra prolífica e jamais repetitiva. Mas sempre que em uma conversa com amigos escritores e críticos literários eu citava algum de seus textos, era um Deus nos acuda. Algumas pessoas me olhavam como se eu fosse marciano, duvidando dos meus critérios de avaliação literária e até da minha cultura. O mesmo já ocorreu, recorde-se, em relação a Jorge Amado, antes da sua definitiva consagração. Hoje, nenhum desses críticos de algibeira ousaria contestar sua grandeza. Cá pra nós, que ninguém nos ouça: “como os preconceituosos são burros!!!”.
Boa leitura.
O Editor.
Gostei muito de "Onze minutos" e não me envergonho de ter gostado. O tema do esoterismo é que não me seduz. Não leio Paulo Coelho pelo motivo do assunto, que eu acho que são bobagens, mas se ele falar de coisas que me interessam, eu o lerei, e ainda farei propaganda dele. Também posso mudar de ideia. Felizmente sou um ser mutável. Quando eu me sentir uma pessoa pronta e embrulhada, podem em enterrar que é chegada a hora. Boa lembrança Pedro.
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