

O namorado da Clarinha
* Por Celamar Maione
Clarinha olhou-se mais uma vez no espelho. Dona Geny entrou no quarto e avisou:
- O Juliano está na sala esperando .
- Tô bonita , mãe?
- Linda. Vai ser a mulher mais bonita da festa.
A jovem apareceu na sala jogando os cabelos para o lado. Juliano tirou os olhos da TV e se levantou esticando as pernas.
- Vamos?
- Ué, só isso?
- O que você queria mais?
- Não vai me elogiar?
- Não precisa. Você sabe que é bonita.
- Ah tá! Eu fico boba com o seu romantismo.
- Deixa de história Clarinha. Vamos logo que eu quero aproveitar a festa.
Meia hora depois abraçavam o aniversariante. Juntaram-se a um grupo de amigos para conversar e beber. Disfarçadamente, Juliano colocou os olhos numa morena de vestido vermelho que gesticulava e apontava para a varanda. Encantou-se com a mulher. Pediu licença a Clarinha e foi até o aniversariante.
- Cara, que morena é aquela de vermelho?
- A Natália?
- Isso. Aquela ali. Quem é?
- Ex- colega de faculdade. Gente boa.
- Que mulherão. Me apresenta!
- Toma vergonha, a Clarinha tá aí. Quer apanhar?
Juliano coçou a cabeça e voltou para o lado da namorada. Flertou com a morena . A mulher correspondia com olhares famintos, jogando a cabeça para trás e passando as mãos pelos longos cabelos. Juliano se imaginou beijando-a e apertando-lhe os seios fartos. Clarinha o fez voltar a realidade ;
- Ei , acorda! Você tá longe.
- Nada disso. Estou só deixando você falar. Fala amor.
Clarinha repetiu a última briga que teve com o chefe.
- Você acha que ele vai me demitir?
- Quem?
- Tem certeza que você está prestando atenção no que eu estou falando?
Provocante, a morena deixou a pequena bolsa preta em cima de uma mesinha e passou por Juliano, esbarrando no braço dele.
- Ah desculpe! Machuquei?
- Não. Quê isso!
Quando a morena saiu, Clarinha falou com o namorado, ressentida:
- Nossa, que mulher cega!
- Coitada, foi sem querer.
- Sem querer? Você acha que eu não notei ela olhando pra você?
Com medo das desconfianças da namorada, disfarçou:
- Acho que aquela coxinha de galinha não me fez bem. Muito gordurosa!
- Tá passando mal?
-Tô com dor de barriga.
-Poxa, coxinha fulminante, hein?
- Acho que sim. Vou até falar com o Souza....
- É, tem que falar mesmo.Coxinha perigosa. Você come e cinco minutos depois passa mal. – diz Clarinha ironicamente.
Juliano começou a se contorcer, simulando dor. Acreditando no teatro do namorado, ela deu a ideia :
- Vamos embora?
- Melhor, né? Estou mal!
Juliano deixou Clarinha na porta de casa. Despediram-se:.
- Quando chegar, ligo pra você, amor!
- Liga, sim. Estou preocupada. Melhoras.
Juliano voltou pra festa. Ligou para Clarinha do celular, avisando que já estava em casa. Os amigos espantaram-se ao vê-lo :
- Ué, não estava passando mal?
- Melhorei.
Sorrindo, procurou pela paquera : “ Só falta ela ter ido embora” – pensou. Natália conversava alegremente com quatro amigos. Juliano se aproximou e entrou na conversa. Quinze minutos depois, ficaram sozinhos. Ela perguntou, com voz adocicada:
- E a sua namorada?
- Já está em casa. Voltei por sua causa.
A mulher sorriu e encarou Juliano. Conversavam se tocando. Ele empolgou-se e já imaginava intimidade maior. A morena pediu licença e se afastou para falar ao celular. Voltou e com a mão no lábio pediu delicadamente:
- Você podia me levar em casa?
Juliano pensou : “ É agora “.
- Claro.
Entraram no carro. Juliano ligou o rádio e cantarolou feliz. Deixou Natália na porta do prédio. Tentou beijá-la. Ela recuou. Ele não entendeu, mas disfarçou :
- Quando nos veremos novamente?
- Nunca mais.
- Não entendi!?
- Queridinho, detesto homem galinha! Coitada da sua namorada!
Colocou a mão no queixo de Juliano, fez biquinho, sorriu e saiu batendo a porta do carro . Ela seguiu em direção a um homem alto e forte que a esperava na portaria. Abraçaram-se ,beijaram-se e desapareceram entre as portas de vidro do condomínio. Juliano saiu cantando pneu. Pensou em Clarinha. Consumido pela raiva e pelo despeito, acelerou o carro e avançou o sinal . Não percebeu que no cruzamento vinha um ônibus em alta velocidade.
*Radialista e jornalista, trabalhou como produtora, repórter e redatora nas Rádios Fm O DIA, Tropical e Rádio Globo. Foi Produtora-Executiva da Rádio Tupi. Lecionou Telemarketing, atendimento ao público e comportamento do Operador , mas sua paixão é escrever, notadamente poesias e contos.
* Por Celamar Maione
Clarinha olhou-se mais uma vez no espelho. Dona Geny entrou no quarto e avisou:
- O Juliano está na sala esperando .
- Tô bonita , mãe?
- Linda. Vai ser a mulher mais bonita da festa.
A jovem apareceu na sala jogando os cabelos para o lado. Juliano tirou os olhos da TV e se levantou esticando as pernas.
- Vamos?
- Ué, só isso?
- O que você queria mais?
- Não vai me elogiar?
- Não precisa. Você sabe que é bonita.
- Ah tá! Eu fico boba com o seu romantismo.
- Deixa de história Clarinha. Vamos logo que eu quero aproveitar a festa.
Meia hora depois abraçavam o aniversariante. Juntaram-se a um grupo de amigos para conversar e beber. Disfarçadamente, Juliano colocou os olhos numa morena de vestido vermelho que gesticulava e apontava para a varanda. Encantou-se com a mulher. Pediu licença a Clarinha e foi até o aniversariante.
- Cara, que morena é aquela de vermelho?
- A Natália?
- Isso. Aquela ali. Quem é?
- Ex- colega de faculdade. Gente boa.
- Que mulherão. Me apresenta!
- Toma vergonha, a Clarinha tá aí. Quer apanhar?
Juliano coçou a cabeça e voltou para o lado da namorada. Flertou com a morena . A mulher correspondia com olhares famintos, jogando a cabeça para trás e passando as mãos pelos longos cabelos. Juliano se imaginou beijando-a e apertando-lhe os seios fartos. Clarinha o fez voltar a realidade ;
- Ei , acorda! Você tá longe.
- Nada disso. Estou só deixando você falar. Fala amor.
Clarinha repetiu a última briga que teve com o chefe.
- Você acha que ele vai me demitir?
- Quem?
- Tem certeza que você está prestando atenção no que eu estou falando?
Provocante, a morena deixou a pequena bolsa preta em cima de uma mesinha e passou por Juliano, esbarrando no braço dele.
- Ah desculpe! Machuquei?
- Não. Quê isso!
Quando a morena saiu, Clarinha falou com o namorado, ressentida:
- Nossa, que mulher cega!
- Coitada, foi sem querer.
- Sem querer? Você acha que eu não notei ela olhando pra você?
Com medo das desconfianças da namorada, disfarçou:
- Acho que aquela coxinha de galinha não me fez bem. Muito gordurosa!
- Tá passando mal?
-Tô com dor de barriga.
-Poxa, coxinha fulminante, hein?
- Acho que sim. Vou até falar com o Souza....
- É, tem que falar mesmo.Coxinha perigosa. Você come e cinco minutos depois passa mal. – diz Clarinha ironicamente.
Juliano começou a se contorcer, simulando dor. Acreditando no teatro do namorado, ela deu a ideia :
- Vamos embora?
- Melhor, né? Estou mal!
Juliano deixou Clarinha na porta de casa. Despediram-se:.
- Quando chegar, ligo pra você, amor!
- Liga, sim. Estou preocupada. Melhoras.
Juliano voltou pra festa. Ligou para Clarinha do celular, avisando que já estava em casa. Os amigos espantaram-se ao vê-lo :
- Ué, não estava passando mal?
- Melhorei.
Sorrindo, procurou pela paquera : “ Só falta ela ter ido embora” – pensou. Natália conversava alegremente com quatro amigos. Juliano se aproximou e entrou na conversa. Quinze minutos depois, ficaram sozinhos. Ela perguntou, com voz adocicada:
- E a sua namorada?
- Já está em casa. Voltei por sua causa.
A mulher sorriu e encarou Juliano. Conversavam se tocando. Ele empolgou-se e já imaginava intimidade maior. A morena pediu licença e se afastou para falar ao celular. Voltou e com a mão no lábio pediu delicadamente:
- Você podia me levar em casa?
Juliano pensou : “ É agora “.
- Claro.
Entraram no carro. Juliano ligou o rádio e cantarolou feliz. Deixou Natália na porta do prédio. Tentou beijá-la. Ela recuou. Ele não entendeu, mas disfarçou :
- Quando nos veremos novamente?
- Nunca mais.
- Não entendi!?
- Queridinho, detesto homem galinha! Coitada da sua namorada!
Colocou a mão no queixo de Juliano, fez biquinho, sorriu e saiu batendo a porta do carro . Ela seguiu em direção a um homem alto e forte que a esperava na portaria. Abraçaram-se ,beijaram-se e desapareceram entre as portas de vidro do condomínio. Juliano saiu cantando pneu. Pensou em Clarinha. Consumido pela raiva e pelo despeito, acelerou o carro e avançou o sinal . Não percebeu que no cruzamento vinha um ônibus em alta velocidade.
*Radialista e jornalista, trabalhou como produtora, repórter e redatora nas Rádios Fm O DIA, Tropical e Rádio Globo. Foi Produtora-Executiva da Rádio Tupi. Lecionou Telemarketing, atendimento ao público e comportamento do Operador , mas sua paixão é escrever, notadamente poesias e contos.
Sta Clarinha valei-nos e livrai-nos desse tipo! ah, se todas essas histórias acabassem assim!!
ResponderExcluirOutro dia conversando com "meninas" ficamos nos perguntando pq somos tão bem resolvidas em tantas áreas e tão vulneráveis com os "julianos" da vida...
enfim, grande história, como sempre.
bjos
ótima história!!!! É pegador, foi pego pelo ônibus do inferno!rs...
ResponderExcluirabs
Avançou o sinal, se deu mal. E vc, Cel, logo ali na esquina anotando tudo, hein! Fez bem. A crônica saiu nos trinques, como é já tradição. Parabéns.
ResponderExcluirJuliano avançou o sinal que podia, já que o que não podia não lhe foi permitido por Natália. Um preço alto, por uma intenção e uma tentativa de beijo. Sede de conquistar todo mundo pode ser mais intensa do que a sede por água. Celamar, você, como dona do destino desses personagens foi dura demais.
ResponderExcluirAdoro finais assim. Quem lê meus textos sabe. Show, Celamar! 09 beijos.
ResponderExcluirOh, Cel, dá uma chance pro cara, coitado...
ResponderExcluirGrande e impagável Celamar, desta vez dando lição de moral. E que fatal essa lição! Parabéns, minha amiga.
ResponderExcluirPois é, o Juliano teve o que merecia! A história ficou muito boa! Não posso deixar de rir com o comentário do nosso colega Luis Delcides hahaha, ótima colocação!
ResponderExcluirAi, Cel! A frustração de Juliano já era um bom castigo, mas você nos surpreende! Salve essa imaginação inesgotável! Beijos e parabéns!
ResponderExcluir