quinta-feira, 11 de junho de 2009




Libelo

* Por Talis Andrade


Já disseram tudo de mim
e tenho apenas um coração
que não conhecem
Já disseram tudo de mim
e nunca perguntaram
o que vou fazer amanhã

Porque choveu no nosso chão
reclamam perdemos tempo
no cultivo de flores e sonhos
e tudo seria profundamente razoável
se estivéssemos cuidando
do plantio de bancos e latifúndios
em vez de estrelas
estivéssemos contando
bois e dinheiro

Já disseram tudo de mim
e nunca perguntaram
o que guardo no coração


(Do livro “Romance do Emparedado”, Editora Livro Rápido – Olinda/PE).

* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

2 comentários:

  1. Belo poema, Talis. Na mosca. A sensibilidade pernambucana é assim: não toca trombetas. Por isso fala mais alto quando poética.

    ResponderExcluir
  2. Pernambucano com algo de mineiro, foi o que me pareceu após a leitura desse poema graúdo na sua simplicidade. Em meio a um bando de amadores que se mascaram de experimentais, vc, caro Talis, ressalta competente, sensato, inspirado como quê! Parabéns!

    ResponderExcluir