* Por Mara Narciso
Olhando de fora parece uma pessoa comum, pois não é tão bonita, mas em tudo é rara. Não se trata de rasgar seda, nem é exagero de fã, é a constatação de como é bom conversar, porém com a pessoa certa. Estar ao lado daquele alguém é festa de alto nível. Inteligência brilhante, olhar vivo, sorriso cativante, argumentação deliciosa, conjunto excitante para quem consegue acompanhar o brilhantismo do seu raciocínio. Mal procura e já encontra o termo exato para cada situação. Isso para quem o consegue seguir. Não, não é pedante, mas sabe muito de quase tudo. Falar com ele é deleite, é naturalmente ficar atenta para não perder nenhuma palavra. E quem o possui em tempo integral, até pela overdose, não percebe o tamanho da preciosidade que tem ao alcance da mão.
Passado meio século mais sete anos, tem pele bem cuidada, mãos finas, cabelos grisalhos, e um sorriso constante, com seus dentes branquíssimos e certinhos, à maneira de um teclado. Pratica esporte, e mantém bom peso para sua altura. Tudo parece normal até começar a falar. Culto e de carreira brilhante, alcançou o mais alto degrau na sua área, que não é apenas uma, mas várias, pois se formou em três faculdades de áreas distintas, e fez três pós-graduações em duas áreas de conhecimento. Decidido a se preparar para sua aposentadoria, mudou tudo, de profissão e de estado.
Sou admiradora de pessoas fortes, corajosas, que não se abatem com adversidades, e não têm receio de, mesmo estando em situação confortável e segura financeiramente- no caso fez fortuna-, começar algo novo. Tudo que inventa, fez e faz bem, pois, plantando a semente em terreno fértil, a sua mente superdotada, brilha em qualquer área. Tímido, não gosta dessa conversa de superdotação, de ouvir que é uma companhia de luxo. Mas sabe que é, pois o assédio a sua pessoa é indiscutível, e só não é esmagado por tantos que querem a sua companhia, porque é equilibrado emocionalmente.
O ruim de tudo isso, é o alto poder viciante, ao nível do crack. Então, há um problema: a hora de ir embora. Após experimentar uma conversa com ele, a abstinência é fatal. Em relação ao objeto das minhas palavras, é preciso ser muito seguro de si, para ouvir tudo isso e não perder a compostura, pois a maior parte das pessoas elogiadas e admiradas nesse grau fica insuportável. Quem é muito inteligente, se destaca por toda a vida nesse setor e se acostuma com os adjetivos elogiosos dirigidos a sua capacidade intelectual. E então, mesmo discordando em certos pontos, precisa se render a todas as evidências e pensar discretamente: eu sou bom.
Do tamanho do seu brilho mental são a sua educação e cortesia. Cativante, é capaz de encantar a todos que têm o privilégio de conviver com essa maravilha. Grande satisfação é beliscar o passado e gostar das sensações que ele traz. Modesto, deve estar se arrepiando lendo isso, e em contrapartida disse ter muitos defeitos e não garante que seu convívio diário seja pacífico.
É privilégio usufruir da presença dessa pessoa peculiar, que transforma conversar num verbo mágico. Ouvi-lo falar, com sua voz grave, é usufruir de música para o espírito, é flutuar num sonho, é voar nas horas, é lambuzar-se de felicidade. Exagero? Quem ri das minhas palavras desconhece o sabor de uma boa conversa. A cadência das palavras pode naturalmente nos inundar de contentamento.
Embora fora do comum, não há apenas uma, mas algumas pessoas que são assim, e conseguem todo esse efeito apenas com a conversa. Há gente interessante que consegue derrubar a minha falta de graça e me diverte fazendo-me rir. Já estive cara a cara com alguns espécimes humanos elogiáveis nesse quesito. Fico seduzida quando encontro gente assim para conversar. Em caso contrário, melhor a companhia de livros.
*Médica endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia Feminina de Letras de Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade” – blog http://www.teclai.com.br/
Querida Mara: antes de tudo, desejo-lhe pronto e total restabelecimento. Se é verdade que o pensamento positivo envia bons fluidos a quem é voltado, considere-se curada. É o que desejo com toda a intensidade e de todo o coração. Desejo-lhe, óbvio, que 2013 seja para você aquele ano ideal que você tanto deseja, simplesmente perfeito em todos os sentidos, votos, aliás, que reitero, por ter lhe enviado por outros veículos, como o Facebook, por exemplo. Desejar coisas boas às pessoas que gostamos, porém, nunca é demais. Daí esta reiteração. Quanto ao seu excelente texto de hoje, concordo com absolutamente tudo o que você escreveu, da primeira à derradeira linha. Sua abordagem, como sempre, é, além de sábia, sensível e oportuníssima. Parabéns! E que seu restabelecimento seja imedioato. Beijos!
ResponderExcluirHoje à noite estou um pouco melhor. Minha exposição pública se dá pela necessidade de alertar ainda mais o prefeito que tomou posse ontem sobre o surto de dengue em Montes Claros. Como se já não bastassem os terremotos... Fico-lhe muito agradecida pela força constante. Acho que a esta altura já conhecemos bem o texto um do outro, mesmo sem assinatura. E já somos amigos de fato, sabendo o que cada um acredita. Muito obrigada!
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