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Dormindo com o ladrão
* Por Ruth Barros
Quem não conhece pelo menos um caso de alguma senhora, coitada, ingênua, viúva ou solteirona, segundo antigos parâmetros, já entrada em anos (sem trocadilho), lesada por algum pretendente? São promessas de casamento ou até vias de fato - alguns canalhas chegam realmente a se casar, como o André de Belíssima, o belíssimo Marcelo Anthony - , de amor eterno, de mundos e fundos, para no fim o falso apaixonado acabar sumindo com o dinheiro dela. Pois Anabel quer abrir o olho das mais novas e das que se julgam mais espertas – cuidado, amiguinha, a próxima vítima pode ser você.
Não, não enlouqueci (pelo menos não por causa disso), nem estou inventando. Está aumentando assustadoramente o número de mulheres jovens ou relativamente jovens, espertas ou relativamente espertas, literalmente roubadas pelos homens que elas achavam ser o grande amor da vida. Por que esses episódios raramente vêm a público e pouca gente fica sabendo? Fácil, as mulheres não dão queixa.
Se para a maioria ainda é difícil ir à polícia relatar um caso de estupro, em que foi forçada, muitas vezes com uso de arma, a manter relações sexuais, imaginem dar parte de roubo consentido, o famoso 171, o estelionato, em que se é achacada pelo homem da sua vida? Contar detalhes, planos de futuro, confessar que foi enganada para o delegado é duro. Muitas vezes se esconde até da família. Assumir poucas assumem, o que dá muito bem para entender, mas nas rodinhas de amigas maiores de 30 é comum que se conheça um caso desses acontecido com alguma próxima bem próxima.
O caso com esse tipo de sujeito que está de olho é na butique dela começa como qualquer namoro do mundo, apenas mais cheio de paixão e esperança, já que as expectativas para o futuro são muitas e róseas – normalmente o pretendente tem altos planos e sonha em te dar sempre tudo do bom e do melhor. A diferença é que, em certa altura do campeonato, ele precisa de um dinheiro que vai devolver logo, logo.
O mais comum é ter um projeto fabuloso, que vai tornar vocês milionários. Ele não usa a palavra “eu”, usa o magnético e irresistível “nós” e você fica viajando na sua futura vida de emergente. Outra lábia é da herança que está esperando e que fica enrolada em infindáveis inventários, sabe como é a Justiça, enfim, qualquer motivo é bom para pendurar na Caixa aquelas jóias de família que você guardou para dar entrada no quarto e sala.
A maioria das vítimas não é formada por mulheres ricas, é remediada ou self made, mesmo porque as herdeiras, até por formação e educação, sempre viveram encucadas com a idéia de que os homens que só iriam atrás delas por dinheiro, portanto tomam duplo cuidado. Não, a grande massa que cai nesse conto trabalhou muito para obter o carro, a casinha, ou economiza cada centavo para a sonhada cirurgia plástica, a viagem ou a bolsa de estudos.
O chamado meliante, até então príncipe encantado, também não dá muita bandeira. Normalmente tem bons modos, boa aparência, apregoa ser de família, essas coisas. Primeira dica: é muito difícil um mentiroso 100% bom. Se por alguma razão você desconfiou de qualquer história que ouviu de seu bem, não pergunte nem porque, mas dê um jeito de conferir sem dar bandeira. É melhor ficar com vergonha da desconfiança infundada do que ter ódio de ter sido tão trouxa quando não tiver mais jeito. Seja o que for, o prejuízo é enorme. Tais ladrões levam mais que dinheiro e/ou bens. Levam dignidade, vida, sonho e esperança com trágicas conseqüências, que podem começar na depressão e chegar ao suicídio.
Valéria ficou sem o carro, comprado a 36 prestações (ainda faltam mais de dois anos para pagar), e por pouco livrou a casa onde ainda mora com a mãe: o noivo precisava de capital para abrir uma franquia de computadores que dava muito dinheiro. Depois que botou a mão na grana do carro começou a ficar esquivo, exigindo a venda da casa. Quando finalmente Valéria disse que não ia vender, pois para isso precisava da assinatura da mãe (e alguém tinha juízo na família), ele passou a não atender nem telefone dela até que, um belo dia, simplesmente não morava nem mais no mesmo endereço.
Valéria ficou a pé, mas a jornalista Sueli Jacinto perdeu a vida ao se casar aos 42 anos. Para herdar o apartamento dela, o marido, o taxista Claudionor de Almeida, de 52 anos, ajudado pela amante, uma garota de 14, matou-a em plena lua-de-mel na Praia Grande, em São Paulo, em dezembro de 2002.
Esse assunto é meio barra pesada para essa alegre escriba, mas tenho o dever de alertar meus amados leitores para esse lado sombrio do mundo que é muito pouco falado. Informação é defesa e vida, em caso de dúvida imaginem onde ainda estaria aquela moça que ganhou a liberdade depois de a imprensa denunciar que estava presa há mais de um ano por ter furtado um frasco de shampoo.
Anabel Serranegra ficou encantada com os atributos políticos do governador de Minas, Aécio Neves, mostrado de sunga pela coluna do Ancelmo Góes no Globo
* Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra.
* Por Ruth Barros
Quem não conhece pelo menos um caso de alguma senhora, coitada, ingênua, viúva ou solteirona, segundo antigos parâmetros, já entrada em anos (sem trocadilho), lesada por algum pretendente? São promessas de casamento ou até vias de fato - alguns canalhas chegam realmente a se casar, como o André de Belíssima, o belíssimo Marcelo Anthony - , de amor eterno, de mundos e fundos, para no fim o falso apaixonado acabar sumindo com o dinheiro dela. Pois Anabel quer abrir o olho das mais novas e das que se julgam mais espertas – cuidado, amiguinha, a próxima vítima pode ser você.
Não, não enlouqueci (pelo menos não por causa disso), nem estou inventando. Está aumentando assustadoramente o número de mulheres jovens ou relativamente jovens, espertas ou relativamente espertas, literalmente roubadas pelos homens que elas achavam ser o grande amor da vida. Por que esses episódios raramente vêm a público e pouca gente fica sabendo? Fácil, as mulheres não dão queixa.
Se para a maioria ainda é difícil ir à polícia relatar um caso de estupro, em que foi forçada, muitas vezes com uso de arma, a manter relações sexuais, imaginem dar parte de roubo consentido, o famoso 171, o estelionato, em que se é achacada pelo homem da sua vida? Contar detalhes, planos de futuro, confessar que foi enganada para o delegado é duro. Muitas vezes se esconde até da família. Assumir poucas assumem, o que dá muito bem para entender, mas nas rodinhas de amigas maiores de 30 é comum que se conheça um caso desses acontecido com alguma próxima bem próxima.
O caso com esse tipo de sujeito que está de olho é na butique dela começa como qualquer namoro do mundo, apenas mais cheio de paixão e esperança, já que as expectativas para o futuro são muitas e róseas – normalmente o pretendente tem altos planos e sonha em te dar sempre tudo do bom e do melhor. A diferença é que, em certa altura do campeonato, ele precisa de um dinheiro que vai devolver logo, logo.
O mais comum é ter um projeto fabuloso, que vai tornar vocês milionários. Ele não usa a palavra “eu”, usa o magnético e irresistível “nós” e você fica viajando na sua futura vida de emergente. Outra lábia é da herança que está esperando e que fica enrolada em infindáveis inventários, sabe como é a Justiça, enfim, qualquer motivo é bom para pendurar na Caixa aquelas jóias de família que você guardou para dar entrada no quarto e sala.
A maioria das vítimas não é formada por mulheres ricas, é remediada ou self made, mesmo porque as herdeiras, até por formação e educação, sempre viveram encucadas com a idéia de que os homens que só iriam atrás delas por dinheiro, portanto tomam duplo cuidado. Não, a grande massa que cai nesse conto trabalhou muito para obter o carro, a casinha, ou economiza cada centavo para a sonhada cirurgia plástica, a viagem ou a bolsa de estudos.
O chamado meliante, até então príncipe encantado, também não dá muita bandeira. Normalmente tem bons modos, boa aparência, apregoa ser de família, essas coisas. Primeira dica: é muito difícil um mentiroso 100% bom. Se por alguma razão você desconfiou de qualquer história que ouviu de seu bem, não pergunte nem porque, mas dê um jeito de conferir sem dar bandeira. É melhor ficar com vergonha da desconfiança infundada do que ter ódio de ter sido tão trouxa quando não tiver mais jeito. Seja o que for, o prejuízo é enorme. Tais ladrões levam mais que dinheiro e/ou bens. Levam dignidade, vida, sonho e esperança com trágicas conseqüências, que podem começar na depressão e chegar ao suicídio.
Valéria ficou sem o carro, comprado a 36 prestações (ainda faltam mais de dois anos para pagar), e por pouco livrou a casa onde ainda mora com a mãe: o noivo precisava de capital para abrir uma franquia de computadores que dava muito dinheiro. Depois que botou a mão na grana do carro começou a ficar esquivo, exigindo a venda da casa. Quando finalmente Valéria disse que não ia vender, pois para isso precisava da assinatura da mãe (e alguém tinha juízo na família), ele passou a não atender nem telefone dela até que, um belo dia, simplesmente não morava nem mais no mesmo endereço.
Valéria ficou a pé, mas a jornalista Sueli Jacinto perdeu a vida ao se casar aos 42 anos. Para herdar o apartamento dela, o marido, o taxista Claudionor de Almeida, de 52 anos, ajudado pela amante, uma garota de 14, matou-a em plena lua-de-mel na Praia Grande, em São Paulo, em dezembro de 2002.
Esse assunto é meio barra pesada para essa alegre escriba, mas tenho o dever de alertar meus amados leitores para esse lado sombrio do mundo que é muito pouco falado. Informação é defesa e vida, em caso de dúvida imaginem onde ainda estaria aquela moça que ganhou a liberdade depois de a imprensa denunciar que estava presa há mais de um ano por ter furtado um frasco de shampoo.
Anabel Serranegra ficou encantada com os atributos políticos do governador de Minas, Aécio Neves, mostrado de sunga pela coluna do Ancelmo Góes no Globo
* Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra.
Uma próxima emprestou merrecas ao namorado de seis anos e ele sempre pagava. Ela dava duro no expediente e após 15 anos de economia conseguiu poupar 40 mil. Emprestou ao, nessa época noivo, todo o dinheiro, em quatro vezes. Claro que depois de receber a grana ele esfriou. Após o sumiço definitivo ela engordou 40 quilos. Um para cada mil que ele roubou. Quase ninguém ficou sabendo. O ladrão fugiu para outro estado. Um alerta desses nunca é demais.
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