Movimento
11
*
Por Solange Sólon
Borges
A velocidade incrível das
águas: o herói tangenciando a música sob o efeito de minha febre
doentia. Aguardo com pequenas florzinhas, amaranto, sândalo, paixão
invernal.
Não, não me fale mais do teu
passado – não é assim que se grita! Agora mesmo podem despertar
os segadores... Eles se escondem no céu anilado, quando canta mais
alto o vento sobre um mar desconhecido. Podem vir para a colheita
prematura a tarde violácea e o pássaro arisco...
É quando o maquinista
invisível do mundo mergulha nas águas, estilhaçando as tênues
arestas do universo: fim do equilíbrio, quebraram-se todas as
vidraças da catedral de Deus. Estou na hora da sagração: mãos
contraídas, olhar pávido, quando chega em meus flancos com o calor
dos trópicos.
Marés douradas! Trata-se de
desafiar o que reserva uma ou outra pira: o desejo colérico
escondido na alma da alma ou o espírito límpido. Aqui estou. A
palavra amor é que chegou umedecida demais.
* Jornalista, dedica-se a
diversos gêneros literários. Entre outras atividades, atua em
alguns programas “O prefácio”, sobre livros e literatura. Um
deles é o programa Comunique-se, levado ao ar pela TV interativa ALL
TV (2003/2004). Apresentou, também, “Paisagem Feminina”, pela
Rádio Gazeta AM (1999), além de crônicas diárias na Rádio
Bandeirantes e na Rádio Gazeta — emissoras das quais foi redatora,
repórter, locutora e editora.
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