A morte e a morte de Quincas Berro D’Água
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Quando comecei a ler a
novela, pensei que possuímos duas histórias íntimas: A oficial e a não oficial.
A primeira é construída por registros como fotos, certidões e RG. A segunda,
vem através da intuição, da imaginação e dos sonhos. Uma completa a outra.
A história conta sobre
as mortes de Joaquim Soares da Cunha, um cordato homem e família e o vagabundo
Quincas Berro Dágua, que são a mesma pessoa, entretanto avessos. A família
almejava regatar a imagem do homem íntegro, seus amigos de esbórnia queriam
fazer a última comemoração da existência de um grande farrista e marinheiro que
for Quincas.
Um dia, já de meia
idade, Joaquim Soares da Cunha decidiu largar a família e a vida regrada para
viver sua outra personalidade, a do vagabundo Quincas Berro Dágua. Encontram-se
justamente na morte, em que há uma disputa entre a família e os companheiros do
vagabundo.
No início da novela,
mostra a questão da imprecisão dos acontecimentos.
“ ATÉ HOJE CERTA
CONFUSÃO em torno da morte de Quincas Berro Dágua. Dúvidas por explicar,
detalhes absurdos, contradições no depoimento das testemunhas, lacunas
diversas. Não clareza sobre hora, local e frase derradeira.”
Então, comecei a pensar
sobre a História da humanidade, quantas interpretações existem sobre os fatos.
Será que a História oficial dá conta de tudo com seus registros de documentos e
fotos? Ou na realidade a memória afetiva de uma pessoa que viveu a época, uma
obra de arte ou o imaginário da cultura popular proporcionam uma visão mais
ampla sobre os fatos, discordando ou complementando a interpretação dos
acontecimentos.
As versões que
construíram do personagem Joaquim Soares da Cunha\ Quincas Berro Dágua
transformaram-se em um labirinto de espelhos, que leva ao questionamento de
quem foi ele ou o que aconteceu com suas duas mortes?
Confesso não estava
muito interessado de ler o livro, porém, quando comecei a ler, percebi que a
história tem um tema bem interessante e com um texto simples, mostra que podemos ser diversos e não únicos como a História Oficial diz.
* Formado em Ciências Sociais, especialização
em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
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