quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Para não passar vexame lá fora

* Por Fernando Yanmar Narciso

E as férias estão aí! Bom, não para a maioria de nós, mas para as classes A, B e boa parte da C elas já são garantidas. E agora que o poder aquisitivo do brasileiro aumentou (assim como as dívidas), a coisa mais comum do mundo tem sido ver os emergentes largando os lerdos e fedorentos ônibus, que sempre os levaram do Oiapoque ao Chuí, e invadindo nossas pequeninas, apertadas, caríssimas e quase sucateadas linhas aéreas e sendo porta-vozes de nossa “cultura” para o resto do mundo. E tome ex-pobres batendo foto na cabine do avião e postando no Face...

O número de brasileiros viajando para o exterior a passeio é cada vez maior, assim como a queimadura no filme do país. Atualmente o Brasil aparece apenas no 20º lugar entre os países mais lembrados do globo, e não é para menos. Apesar de termos melhorado muito, ainda continuamos sendo os bons e velhos caboclinhos sem-costume, como dizia meu avô.

Então, para aqueles que estão agora na fila do check-in, dei-me o direito de lhes dar algumas dicas de costumes estranhos mundo afora, para ver se a quantidade de micos brasileiros diminui. Por exemplo, sabiam que, num pequeno vilarejo dinamarquês, levar socos na cara é sinal de status? Ou seja, quanto mais gente andar em sua direção e deixar o punho bem delineado em sua bochecha e você não reagir, mais importante você é. Hahahahahaha... Claro que tô inventando isso, mas consegui a atenção de todo mundo, não foi?

Aqueles que assistem à novela Salve Jorge- Sim, estes seres em extinção ainda existem!- já devem ter aprendido que, na Turquia, erguer o punho como numa figa é tão ofensivo para eles como mandá-los tomar naquele lugar. Mas talvez vocês não saibam que lá e em outros países asiáticos a coisa mais normal é tanto moradores como visitantes deixarem os sapatos do lado de fora de casa, ficando descalços o tempo todo quando estão indoors. O motivo disso é o asseio, pois ninguém quer ver marcas de barro pelo chão. Mas cuidado com pontas de cigarro acesas!

Na Rússia, homens heterossexuais dando selinhos de despedida um no outro é uma das coisas mais comuns de se ver. Porém, se você levar um selinho um pouco mais demorado, uma apalpada lá atrás e o outro oferecer casa, comida e roupa lavada em russo...

Na Alemanha e na Áustria as coisas são às avessas do Brasil. Se por aqui esmurrar a mesa como um troglodita é crachá de ignorância, para eles significa um desejo de boa sorte. Em contrapartida, se você cumprimentar um alemão com um tapinha nas costas prepare- se para umas boas bordoadas!

Se você for um aventureiro e estiver perdido no meio do Ártico, sempre haverá algum Inuit- Caso não saibam, a palavra esquimó é para eles como chamar um negro americano de nigger- para resgatá-lo. Talvez vocês já conheçam de desenhos animados o costume Inuit de se beijar esfregando os narizes. O que vocês provavelmente não sabem é que o povo que vive no gelo é tão prestativo que é melhor você aceitar numa boa se um deles lhe oferecer a própria esposa para passar a noite.

Há de se prestar bastante atenção para não partir para a ignorância se você estiver na Itália. A primeira coisa que se nota ao andar por lá é que as pessoas só sabem andar nas ruas se acotovelando, mas não tem nada a ver com falta de educação. É um hábito tão comum que eles nem param para reclamar do outro. Por falar em falta de educação, dizem que na China a hora da refeição é um verdadeiro deleite. Se o visitante não arrotar enquanto come, eles entendem que você não gostou da comida. Minha mãe provavelmente sairia chorando de uma mesa chinesa. Então, imagino que se eu arrotar, soltar pum, apagar o cigarro no resto da comida e puser os pés em cima da mesa, isso deve fazer de mim o novo primeiro-ministro chinês... Para eles assuar o nariz em público e cuspir no chão também é socialmente aceitável. Será que o Cascão tem parentes chineses?

Porém, a próxima dica é para levar contigo pro túmulo. Se você estiver no Japão, comunique-se apenas em inglês. Para um japonês não há piada mais engraçada que assistir um estrangeiro tentando falar a sua língua. É como um mineiro tentando imitar o sotaque nordestino e vice-versa. E, assim como deve ter achado bizarra a etiqueta à mesa dos chineses, talvez lhe interesse saber que, ao tomar sopa no Japão, deve-se fazer bastante barulho ao chupá-la da tigelinha.

Então, gente? Que tal tentar se portar melhor quando estiver fora do país? Quem sabe daqui uma década consigamos nos tornar o 19º país mais lembrado do planeta. Boa viagem!

*Designer e escritor. Site: HTTP://terradeexcluidos.blogspot.com.br

Um comentário:

  1. Um gostoso passeio pelo mundo, nos informando como são os hábitos lá fora. E com bastante humor.

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