domingo, 10 de abril de 2011



Brasília


* Por Antonio Miranda


Brasília é branca e luminosa,

de mármores e vidraças

refletindo nuvens metafísicas.


Blocos e quadras

e avenidas enfileiradas,

viadutos, memoriais,

geometrias e concretudes

transcendentais.


Onde o sol se põe

– teatral –

entre as torres do Congresso Nacional.


Numa escala de cenógrafo

neoconcretista, construtivista,

lançando manifesto

pela integração das artes:

pela dança das esquadrias,

poesia das colunas avarandadas,

pilotis sobranceiros

sustentando o firmamento do Cruzeiro do Sul.


Jardins petrificados,

monumentos vegetais.


Pirâmides, tumbas faraônicas

cabalísticas

erguidas

sobre rochas imantadas

a salvo dos dilúvios,

anunciando o Terceiro Milênio.


Como evitar o misticismo?


Yokaanan refugiou-se

na eclética cidade,

Tia Neiva fecundou o vale

no sincretismo das crenças

dos humildes

enobrecidos, capas e véus, vestais

em castas devocionárias.


Vivemos entre nordestinos

gaúchos, cariocas, paulistas

e extraterrestres.


Legiões humanas construindo

um mundo novo

plantando idéias minerais

metáforas concretas

de cimento e vidro

sonhos totemizados de artistas

vanguardistas

hipérboles metásteses

versos rimas decantadas

signos, sinais.


Todos as veias entronizadas

num discurso de mármores

votivos,

exaltando valores –

metamorfismos.


* Poeta de Brasília/DF

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