sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011




Um exemplo de homem

* Por Rodrigo Ramazzini

Era uma quinta-feira. Como sempre acontecia quando o calendário marcava nesse dia da semana, depois do expediente, a turma do escritório saía para tomar uma cerveja. Eram quatro: o Tomás, o Maciel, o Felipinho e o Nogueira, o único casado da tropa. Foram ao bar do Seu Calixto, famoso pelos petiscos e, principalmente, pelas belas mulheres que freqüentavam o lugar. Sentaram-se e logo mandaram o garçom trazer a primeira gelada para abrirem os trabalhos.
Copos abastecidos, o bate-papo iniciou com um dos três assuntos que geralmente fazem parte das conversas de bar entre os homens: trabalho.

- Que dia hoje, hein pessoal! -, exclamou Nogueira.
- Pois é... foi feia a coisa! A Luciana está de TPM, eu acho. Só me encheu o saco hoje -, acrescentou Maciel.
- Pior! – Concordou Tomás.

E o Felipinho encerrou essa etapa da conversa, quando perguntou, em tom irônico:

- Vieram para o bar fazer hora-extra?

Breve silêncio. Então, depois de uns goles, Maciel puxou o segundo assunto predileto entre o sexo masculino: futebol.

- E o teu time, hein Tomás? Que fiasco! Perdeu de novo e de goleada...

E Tomás, um torcedor fanático, que assistira a derrota do seu time para o arqui-rival pelo placar de cinco a zero no dia anterior, e estava desde a hora que acordara recebendo flauta dos amigos, respondeu irritado:

- Cara... Não quero brigar contigo! Por favor, não vamos falar de futebol nessa mesa...

Novo silêncio. Clima pesado por alguns segundos, que durou apenas até Felipinho soltar a exclamação, que daria início ao terceiro assunto predileto dos homens nos bate-papos de bar (não necessariamente nessa ordem): mulher.

- Meu Deus do céu! Vem a Rapha!

A turma se virou e avistou vindo na direção deles a Raphaela, escrito com “ph” mesmo. Não que isso fizesse alguma diferença. Afinal, nenhum homem dava bola para isso. Até achavam charmoso. O que importava mesmo era o famoso caminhar da Raphaela. Ou a “Rapha” para os íntimos ou que queriam alguma intimidade. O gingado ao cruzar as grossas coxas no caminhar causava um balancear sincronizado do firme e arredondado par de glúteos, provocando uma espécie de paralisia no olhar dos homens que assistiam a cena. Embebido com tamanho espetáculo, Tomás deixou escapar quando ela passava, em volume bastante audível:

- Ô lá em casa!

Ao escutar tal insinuação, Raphaela parou, virou-se e quando iria falar algo, Nogueira fez uma afirmação surpreendente para o restante da turma e escutada por ela.
- Eu não trocava a minha esposa por uma dessas aí!

Silêncio na mesa. Raphaela vai embora ao ouvir o Nogueira. Todos tomaram um gole de cerveja, ainda, atônitos com a revelação. Como poderia um homem desprezar Raphaela? Seria Nogueira tão fiel? Tão apaixonado pela esposa? Um exemplo de homem? Perguntavam-se inquietos. Tomás teve coragem de questionar:

- Por que, Nogueira?

Silêncio. Todos esperavam pela resposta. Nogueira olhou para os lados e fez um sinal para a turma se “juntar” no meio da mesa, e então, cochichando, revelou:

- Estão vendo essa mulher de laranja na mesa ao lado? É minha vizinha! Maior fofoqueira. Vi ela me olhando quando a gostosa passava. Não podia deixar furo né, pessoal?

- Há! Há! Há!
- Há! Há! Há!
- Há! Há! Há!

A turma caiu em gargalhada. Estava desvendado o mistério. Maciel, ainda, completou:

- Temos muito que aprender com o Véio Nogueira! Vamos brindar!

E todos ergueram e bateram os copos...


• Jornalista

4 comentários:

  1. Confraria...unidos então
    são imbatíveis.
    Abração Rodrigo e bom
    fim de semana.

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  2. Homens... Homens... Homens!

    Obrigado pela leitura e comentário, Núbia!

    Aquele abraço!

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  3. A inteligência tem de bater na atração fatal. Cena autêntica, daquelas pra ninguém botar defeito. Não bebo, mas tenho horas de bar por via indireta. Coisas da vida.

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  4. Eu também tenha horas de bar, Mara!

    Obrigado pela leitura e comentário!

    Tenha um ótimo final de semana!

    Aquele abraço!

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