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Abstinência
* Por Evelyne Furtado
No começo da tarde cansei do dia. Na fadiga de mim mesma busquei uma paisagem calma para repousar meu olhar. Fechei os olhos para desviar outros olhares e não me perder do seu. Procurei outra vida para viver nas páginas de uma grande escritora com quem me identifico quando ela é apenas Clarice falando de si em cartas. Ainda assim não relaxei.
Desejei morar em uma cidadezinha pacata e aguardar a hora de por a cadeira na calçada para ver a noite chegar. Conversaria com os vizinhos. Ouviria maledicências sobre uns e outros e defenderia todos. Que mal poderia haver no comportamento de pessoas simples?Que mal poderia haver nas inconfidências vizinhas? Cada um leva a vida como pode.
A noite terminaria tranquila para recomeçar um novo dia. A tarde, no entanto, continuou sua pequena agonia. Era a abstinência me afligindo.
Cedi à saudade. Vim ao computador e acendi um cigarro. Vida saudável também me angustia.
* Cronista e poetisa em Natal/RN
* Por Evelyne Furtado
No começo da tarde cansei do dia. Na fadiga de mim mesma busquei uma paisagem calma para repousar meu olhar. Fechei os olhos para desviar outros olhares e não me perder do seu. Procurei outra vida para viver nas páginas de uma grande escritora com quem me identifico quando ela é apenas Clarice falando de si em cartas. Ainda assim não relaxei.
Desejei morar em uma cidadezinha pacata e aguardar a hora de por a cadeira na calçada para ver a noite chegar. Conversaria com os vizinhos. Ouviria maledicências sobre uns e outros e defenderia todos. Que mal poderia haver no comportamento de pessoas simples?Que mal poderia haver nas inconfidências vizinhas? Cada um leva a vida como pode.
A noite terminaria tranquila para recomeçar um novo dia. A tarde, no entanto, continuou sua pequena agonia. Era a abstinência me afligindo.
Cedi à saudade. Vim ao computador e acendi um cigarro. Vida saudável também me angustia.
* Cronista e poetisa em Natal/RN
Gostei muito da frase "No começo da tarde cansei do dia." Enganou-me completamente. Imaginei uma sexta-feira da Paixão, e justo a cara dela: variação entre o tédio galopante e o ócio improdutivo. Mas não. Era o vício da nicotina que a dominava. Apenas quem foi vítima desse domínio pode entender a luta, algumas vezes gloriosa, de deixar o cigarro.
ResponderExcluirMuito bom. Essa propaganda "salutar" que anda por aí nos aporrinhando os ouvidos não nos alicia à saúde, mas ao conformismo, à cordura. Conheço todas as justificativas, todas as estatísticas, e não discordo. Apenas desconfio de tanta bondade capitalista. Esse aliciamento mal-disfarçado, a tal da "felicidade à força", é que angustia. Parabéns pela crônica, cara Evelyne!
ResponderExcluirEvelyne, não te imaginava fumante. Também sou, mas estou quase largando: só 3 ao dia. Mal mesmo faria a abstinência aos seus indispensáveis textos. Que estes nunca nos faltem. Um beijo.
ResponderExcluirEvelyne,
ResponderExcluirparei de fumar há pouco mais de cinco anos com a ajuda de um médico. Remédios e consultas semanais.
Até hj, de vez em quando, me bate a saudade do cigarro. É quando penso no Doutor Ìtalo e no que ele me dizia : Lembre-se...você é viciada em tabaco , um trago e você volta a fumar. Resisto . Resisto pq sei o que passei.
Vida saúdavel ? Sim. Vale a pena largar. O fôlego melhora. A disposição melhora. O cheiro...sei o quanto é difícil . Sou viciada em cigarro. Mas não pretendo fumar mais. Achava inclusive, que se parasse de fumar, perderia a inspiração. Nada..a inspiração não dependia do cigarro ! Maravilha !!
Enfim....a gente só larga no momento em que decide largar. A decisão é nossa !
Ah simmmmm, não sou ex-fumante chata. Tenho amigas que fumam e não me importo. Cada um é dono de si.
Grande beijo !
Meus amigos, o cigarro entrou naturalmente no texto, pois ainda é um ato natural na minha vida. Eu fumo Marcelo, mas torço para que você consiga parar. Longe de mim fazer apologia do tabagismo. Mas, foi bom receber o retorno de vocês nesse sntido. Acho que cada um sente o momento de parar ou é obrigado a fazê-lo. Também desconfio dessa propaganda excessiva, Daniel. Parece ser contra nós fumantes e não contra o fumo em si. A abstinência, no caso, vai muito além do cigarro, nesse pequeno texto, Mara. Incluo os apelos da vida moderna, por exemplo, daí a nostalgia da vida no interior que não vivi. Celamar, obrigada pelo depoimento e por não ser uma ex-fumante chata.
ResponderExcluirQue bom ter você como leitores!
Obrigada e beijos.
Ah, Evelyne...! Poxa! (rsrsrs) Sugiro que toda vez que lhe dê vontade de fumar você dê um beijo na boca de alguém! Será muiiito melhor. 15 beijos (na boca ou não), Evelyne!
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