sexta-feira, 11 de julho de 2014

A festa

* Por Eduardo Oliveira Freire

"Há ilusões que se parecem com a luz do dia; quando acabam, tudo com elas desapareceu". Autor - Duras , Marguerite

De repente, tudo ficou sem sentido. Estava numa festa em que os convidados começaram a falar uma língua estranha, a qual não compreendia. Olhavam-no como um bicho exótico e ele se incomodou. Almejou tanto ir àquela festa, mas o desejo se desmanchou feito água no ralo. Sentiu-se sem forças.

Foi embora até ao ponto de ônibus. Lá havia um senhor com uma carrocinha de cachorro quente. Ele abordou o rapaz:

- Está com fome?
- Sim.
- Preparo um do jeito que você gosta.
- Valeu. Estou estranhamente cansado.
- A festa não estava boa?
- Sei lá, parecia que estava em outro planeta. Senti falta de ar.
- Maltrataram você?
- Não.
- Ficaram observando-o como se fosse um animal exótico?
- Sim...  Tudo ficou tão sem sentido.
- Sei como se sentiu.  Aconteceu comigo e seu avô me esperou neste mesmo ponto de ônibus e nesta mesma carroça. Além do mais, o mesmo céu estrelado.
- Pois é, o céu está lindo mesmo. Não quero vender cachorro quente...
- Não precisa, siga seus próprios caminhos. Mas, cuidado com essas pessoas que frequentam essa festa. São criaturas ilusórias que empurram a gente para o abismo.
- Quando chegar em casa, dormirei cem anos.


Pai e filho foram embora tranquilos, o sol nascia. A festa continuou a todo vapor.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/


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