A festa
* Por
Eduardo Oliveira Freire
"Há
ilusões que se parecem com a luz do dia; quando acabam, tudo com elas desapareceu".
Autor - Duras , Marguerite
De repente, tudo ficou
sem sentido. Estava numa festa em que os convidados começaram a falar uma
língua estranha, a qual não compreendia. Olhavam-no como um bicho exótico e ele
se incomodou. Almejou tanto ir àquela festa, mas o desejo se desmanchou feito
água no ralo. Sentiu-se sem forças.
Foi embora até ao ponto
de ônibus. Lá havia um senhor com uma carrocinha de cachorro quente. Ele
abordou o rapaz:
- Está com fome?
- Sim.
- Preparo um do jeito
que você gosta.
- Valeu. Estou
estranhamente cansado.
- A festa não estava
boa?
- Sei lá, parecia que
estava em outro planeta. Senti falta de ar.
- Maltrataram você?
- Não.
- Ficaram observando-o
como se fosse um animal exótico?
- Sim... Tudo ficou tão sem sentido.
- Sei como se
sentiu. Aconteceu comigo e seu avô me
esperou neste mesmo ponto de ônibus e nesta mesma carroça. Além do mais, o
mesmo céu estrelado.
- Pois é, o céu está
lindo mesmo. Não quero vender cachorro quente...
- Não precisa, siga
seus próprios caminhos. Mas, cuidado com essas pessoas que frequentam essa
festa. São criaturas ilusórias que empurram a gente para o abismo.
- Quando chegar em
casa, dormirei cem anos.
Pai e filho foram
embora tranquilos, o sol nascia. A festa continuou a todo vapor.
* Formado em Ciências Sociais, especialização
em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
O esquisito começa a se tornar trivial.
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