Comendo poesia
* Por
Mark Strand
Tinta escorre pelos cantos da minha boca.
Não há felicidade como a minha.
Andei comendo poesia.
A bibliotecária não acredita no que vê.
Com olhos tristes
ela caminha com as mãos sobre o vestido.
Os poemas se foram.
A luz é parca.
Os cães estão na escada do porão, subindo.
Seus olhos giram,
suas pernas loiras queimam como um pincel.
A pobre bibliotecária começa espernear e chorar.
Ela não entende.
Quando eu me ajoelho e lambo sua mão,
ela grita.
Eu sou um novo homem.
Eu rosno para ela e lato.
Eu faço a festa na escuridão dos livros.
Tradução: Wagner Miranda
* Poeta, ensaísta e
tradutor canadense
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