Minha língua portuguesa
* Por Mateus Modesto
Uma das coisas que Odílio mais
detestava era ouvir erros de Língua Portuguesa. Vivia corrigindo os colegas de
trabalho. Principalmente o chefe. Muitos o odiavam por isso. Tornava-se um
chato. Insuportável. Mané. Mas era um excelente profissional. Sempre pronto
para ajudar um colega.
Outra coisa que Odílio não gostava era ser incomodado quando estivesse trabalhando. Era um dos menos importantes na firma, mas o mais prestativo. De vez em quando era selecionado para fazer atividades fora da empresa.
- Odílio, ontem eu quase fui atropelado. A moto veio em alta velocidade e eu se
joguei para o lado...
- "Se joguei"? – interrompeu
Odílio. - O correto é: "me joguei para o lado".
O colega fez uma cara de desentendido.
- Você disse SE. O certo é ME.
- Anh?
- O SE é para outro, quando
estamos falando dele.
- Dele quem? Do Armando?
- Não... O ME é quando... – parou
e pensou. – Vou dar um exemplo. "Eu me lavei". "Eu se
sujei". Qual está certo?
- A segunda frase.
- Não!
- Claro que sim! Veja suas mãos.
Você está com as mãos sujas.
- Não, eu apenas fiz uma
suposição.
- Uma o quê???
Odílio respirou fundo para não explodir.
- Pronto. – Levantou e bateu o
braço na mesa. – "Eu se bati na mesa". Correto?
- Sim.
- Não!
- Como não? E por acaso você
bateu na cadeira?
- Meu fi... João... João,
querido... eu falo da oração.
- Oxe! Qual? Você é devoto?
- Não, rapaz! A frase. Falo da
frase...
- Qual delas?
- "Eu se bati na mesa"!
- De novo?
- Meu... o que você quer,
afinal???
- Queria que você comprasse um band-aid.
Como eu ia dizer, eu se cortei.
- "Me cortei".
- Também? Pega dois, então.
* Jornalista
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