terça-feira, 12 de abril de 2011



Salva


* Por Evelyne Furtado


Mil vezes agradeço à palavra a mim apresentada em salva da mais pura matéria, embora não tenha feito dela - palavra- o bom uso que merece.

Disse em outro escrito que a palavra é norma, mas que é também alforria. Liberta sou continuamente pelo verbo que me salva da total inaptidão.

Sou verbo e carne. Verbo e pele. Verbo e vísceras. Verbo e células. Sou verbo e emoção, principalmente.

O silêncio, para alguns, sábio, para mim é remédio amargo. Engulo de uma só vez e travo. Faço, exceção, somente ao silêncio partilhado em sagradas ocasiões.

Quero mesmo sorver palavras doces. Derretê-las como pedras de açúcar que são.

Quero-as em vermelho e preto. Em branco que é paz; em verde que é esperança e é sorte; em céu azul; em lilás.

Desejo o vocábulo como chocolate quente ou café aquecendo língua, garganta e coração.

A palavra pode levar-me à dor, mas, principalmente, cura-me de todas as dores do mundo. À palavra, minha ou de outrem, concedo a mais sincera gratidão.


• Poetisa e cronista de Natal/RN

3 comentários:

  1. Linda ode a esta maldita e abençoada, que nos liberta e nos faz cativos. Meu beijo pra você, Evelyne.

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  2. A palavra pode ser prisão, como também nos fazer adoecer de todas as doenças. Colocamos nos sons delas o nosso bem e mal estar. O pensamento se transforma em palavras e delas seremos sempre reféns.
    Evelyne: prosa melodiosa, cantante, onde as palavras fazem as vezes de notas musicais, e, nelas nos embalamos para sermos livres, curados e felizes. Ou muito pelo contrário!

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  3. Marcelo e Mara, mais uma vez muito obrigada, queridos. Beijos.

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