
O que eu preciso para mim
* Por Fabiana Bórgia
Sempre quis ser descoberta. Sabe, aquela coisa que parece que somente acontece com os outros? Aquele momento especial, tão bom e inesperado, que surge e simplesmente muda a vida daquela pessoa? Falo sobre boas mudanças, é claro. Alguns imprevistos são bem desagradáveis. E tristes.
Pois é. Comigo não. Tudo acontece rápido, mas o que eu quero mesmo fica na ideia. Mania de gente idealista. No entanto, confesso que isso é menos enfadonho. Como gente metódica é chata!
Gente que mede as emoções. Gente que não se relaciona porque tem medo. Gente que não se relaciona porque não sabe. Gente que não se relaciona porque ficou na rua da amargura. Gente que só sabe ser racional o tempo todo. Gente que generaliza pessoas. Gente que não se permite viver os bons momentos da vida. Como isso me cansa!
Pois é. Comigo não. Não tenho medo de penhascos. Não tenho medo do tombo. Não tenho medo das minhas emoções. Não tenho medo do salto. Não tenho medo da queda. Não tenho medo de sofrer. Não tenho medo dos meus impulsos. Só tenho medo de algumas das minhas indecisões, mas nem todas me espantam.
Há momentos em que parece que estou sempre perdendo o melhor do espetáculo, da vida, da festa. Acho que é por isso que sempre fui pontual. Ou mais do que isso. Para nunca chegar atrasada, para nunca perder o melhor. Detesto perder qualquer coisa.
Tenho períodos extremamente ricos, de inspirações, de intensidades, de alegrias gratuitas. Em tais momentos, sinto-me especial diante da vida, começo a me sentir artista de verdade, começo a sentir que mereço o mundo e que posso escolher quantas vidas eu quiser viver nesta própria. Pois é, sou assim.
Porém, há períodos de vácuos, de vazios, de "vida sem graça", de rotina, de falta de perspectivas. Em tais momentos, eu penso: "Mas será que as coisas não são assim mesmo e sou eu que ando fora da curva? Será que não é isso que me causa sofrimento: a falta de aceitação? Será que não cresci o suficiente? Onde está a sensatez? Estou fora das regras?"
Nada contra ninguém. Também gosto de conforto. Também gosto de dinheiro. Também gosto de me proporcionar momentos bons. Comer onde eu quero. Fazer o que eu quero Aliás, preciso disso tudo.
Mas também preciso de paz interior, de amor, de criatividade. Escrever. Preciso da poesia que existe em mim, do teatro que havia em mim, das tantas emoções que me pedem: "Por favor, deixem-me aflorar. Você tem potencial."
Tenho. Potencial. Mas não para uma vida sem graça. Eu preciso me sentir limpa, clara, nua. Preciso me sentir transparente. Preciso me sentir meio água, meio rio, meio mar. Preciso me sentir. Preciso voar. E saber partir.
• Escritora por vocação e advogada por formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”
* Por Fabiana Bórgia
Sempre quis ser descoberta. Sabe, aquela coisa que parece que somente acontece com os outros? Aquele momento especial, tão bom e inesperado, que surge e simplesmente muda a vida daquela pessoa? Falo sobre boas mudanças, é claro. Alguns imprevistos são bem desagradáveis. E tristes.
Pois é. Comigo não. Tudo acontece rápido, mas o que eu quero mesmo fica na ideia. Mania de gente idealista. No entanto, confesso que isso é menos enfadonho. Como gente metódica é chata!
Gente que mede as emoções. Gente que não se relaciona porque tem medo. Gente que não se relaciona porque não sabe. Gente que não se relaciona porque ficou na rua da amargura. Gente que só sabe ser racional o tempo todo. Gente que generaliza pessoas. Gente que não se permite viver os bons momentos da vida. Como isso me cansa!
Pois é. Comigo não. Não tenho medo de penhascos. Não tenho medo do tombo. Não tenho medo das minhas emoções. Não tenho medo do salto. Não tenho medo da queda. Não tenho medo de sofrer. Não tenho medo dos meus impulsos. Só tenho medo de algumas das minhas indecisões, mas nem todas me espantam.
Há momentos em que parece que estou sempre perdendo o melhor do espetáculo, da vida, da festa. Acho que é por isso que sempre fui pontual. Ou mais do que isso. Para nunca chegar atrasada, para nunca perder o melhor. Detesto perder qualquer coisa.
Tenho períodos extremamente ricos, de inspirações, de intensidades, de alegrias gratuitas. Em tais momentos, sinto-me especial diante da vida, começo a me sentir artista de verdade, começo a sentir que mereço o mundo e que posso escolher quantas vidas eu quiser viver nesta própria. Pois é, sou assim.
Porém, há períodos de vácuos, de vazios, de "vida sem graça", de rotina, de falta de perspectivas. Em tais momentos, eu penso: "Mas será que as coisas não são assim mesmo e sou eu que ando fora da curva? Será que não é isso que me causa sofrimento: a falta de aceitação? Será que não cresci o suficiente? Onde está a sensatez? Estou fora das regras?"
Nada contra ninguém. Também gosto de conforto. Também gosto de dinheiro. Também gosto de me proporcionar momentos bons. Comer onde eu quero. Fazer o que eu quero Aliás, preciso disso tudo.
Mas também preciso de paz interior, de amor, de criatividade. Escrever. Preciso da poesia que existe em mim, do teatro que havia em mim, das tantas emoções que me pedem: "Por favor, deixem-me aflorar. Você tem potencial."
Tenho. Potencial. Mas não para uma vida sem graça. Eu preciso me sentir limpa, clara, nua. Preciso me sentir transparente. Preciso me sentir meio água, meio rio, meio mar. Preciso me sentir. Preciso voar. E saber partir.
• Escritora por vocação e advogada por formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”
Sublime, corajoso, invejável, lindo!
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