terça-feira, 4 de agosto de 2009




Equilibristas

* Por Evelyne Furtado

A vida oferece tom, cor e sabor às emoções que produzem sensações diversas em um verdadeiro show de variedades. Felizes os que possuem talento para a catarse, manuseando impressões em gestos, falas, palavras, performances, ritmos ou pincéis.

O protagonista às vezes dança como o bêbado da canção de João Bosco, imortalizada por Elis. A corda é seu caminho e chegar à outra ponta em todas as apresentações é sua vitória. A sensibilidade é fundamental para que haja o bom desempenho. A técnica e o aprendizado são necessários, porém não substituem a emoção de forma alguma.

Esquecer a fala ou errar o passo pode parecer fatal. Mas a alma é imortal e se não for vendida como a de Fausto, ressurgirá no outro dia ou em qualquer dia seguinte ao ocorrido. A alma vai além do ego fornecendo o fogo sem o qual o espetáculo será mera repetição do cotidiano frio e isso fica para as comadres que assistem a vida de suas janelas sem atuar.

Àqueles que foram presenteados com o dom de traduzir a aventura de viver é imprescindível que não deixem faltar lenha para alimentar a vida e iluminar o palco, pois do contrário a catarse será feita em becos escuros ou simplesmente não acontecerá intoxicando atores e platéias.

Traduzir-se, poema de Ferreira Gullar outra vez me serve, me guia e me auxilia na tradução da vida. Portanto destaco os versos que dispensariam todas as minhas palavras, mas que insisti em manter por teimosia ou por pura catarse.

"Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte
será arte?"
Ferreira Gullar

* Poetisa e cronista de Natal/RN

.

4 comentários:

  1. Grande Espetáculo de Sensibilidade.
    Ingressos neste texto da Evelyne. Parabéns, amiga.

    ResponderExcluir
  2. Excelente, Evelyne, adorei! Parabéns! Beijos!

    ResponderExcluir
  3. A vida traduzida "num show de variedades" é o que sentimos, mas é bom nos utilizamos das suas palavras para projetarmos os nossos sentimentos. Todas as artes são apenas o reflexo dela, da vida, apenas que nas suas mil faces e traduções. Muito bem Evelyne, por nos dizer o que ainda não sabemos falar tão bem.

    ResponderExcluir