A grande mentira
* Por José Calvino de Andrade Lima
A nossa história sempre foi alicerçada nas mentiras, muitas vezes com
intuito de criar mártires e heróis. A falta de lideranças ao longo de nossa
história fez com que nossos fatos históricos fossem acobertados por
acontecimentos ilógicos e sem um embasamento real do acontecido. Entre muitos,
podemos citar a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial (1939-1945),a
importância irrelevante do país, no contexto mundial.
As propagandas nazistas e fascistas vinham de maneira contundente,
enfeitiçando a política do caudilho gaúcho Getúlio Vargas, que via nesse
discurso uma maneira de persuasão e de convencimento de massas, uma idolatria e
manipulação de uma imensidão de proletários. Essa simpatia era latente nos
grandes discursos da Candelária.
Por outro lado, a tendência de entregar a construção da siderúrgica
nacional a um grupo alemão despertou a cobiça dos ianques, que de todas as
maneiras tentou impedir esse projeto. O Brasil era um país imenso com áreas
inexploradas e com poucas estradas de acesso, onde poderia dar guarida a
oficiais alemães refugiados, onde muitos permaneceram na clandestinidade.
A Alemanha na época dos famigerados bombardeios a nossos navios
encontrava-se famélica, e em face de extinção na sua beligerância, onde o custo
deste intento ilógico seria muito alto para os germânicos e sem nenhum motivo
para mudar a face da guerra. A nossa odisséia na Itália foi premiada com umas
série de reveses, proporcionados pelos aliados. Nápoles, que fica no sul da
Itália, e o campo de batalha era no Norte.
O 5º exército americano combinara em colocar no porto caminhões para
transporte dos soldados brasileiros, mas esse comboio não se encontrava lá.
Depois souberam que ficava a 30 quilômetros, onde os pracinhas tiveram que
percorrer a pé. E o pior, caminhando sem armamento, com farda semelhantes às
dos alemães, sendo confundidos como prisioneiros de guerra. Mas não param por
aí os problemas. O treinamento dado no Brasil aos homens convocados foi rápido
e artificial, sendo complementado na própria guerra. Os soldados foram enviados
com fardamento adequado aos trópicos, enquanto a guerra era nos montes
Apeninos, , ao norte da Itália, a 1.500 metros de altitude, e numa temperatura
que chegava 20 graus abaixo de zero.
Apesar de todas adversidades, conseguimos tomar Monte Castelo, onde o
contingente alemão encontrava-se com fome e sitiado, com pouca munição, prestes
à rendição. Enquanto isso no Brasil, milhares de nordestinos foram convocados
para região Amazônica, para a extração da borracha para suprir as necessidades
das tropas aliadas; milhares deles sucumbiram pelas doenças tropicais, como
malária e febre amarela, esquecidos na nossa medíocre história.
A participação brasileira nunca foi reconhecida nas homenagens pós
prélio, dos países aliados. Uma total falta de respeito dos que morreram
inutilmente pela pátria, em um conflito de interesses econômicos. Dentro deste
breve contexto podemos acreditar que interesses econômicos e a nossa tendência
nazi-fascista despertaram o receio de tornamo-nos aliados das forças do eixo
(Japão, Alemanha e Itália), fazendo com que os americanos bombardeassem nossos
navios, e colocando-se assim, um ponto final nas pretensões de Getúlio Vargas.
O Brasil exportava produtos agrícolas e recebia em troca armamentos e
mecânica pesada, coisa que os EUA se recusava em nos fornecer. O bloqueio
britânico a navios que transportavam mercadoria alemã para o Brasil tornou esse
comércio inviável. Essa obscuridade histórica perdura por mais de meio século,
sem que nos seja fornecida a realidade dos fatos, que desencadearam nossa
participação nessa inútil e desgastante guerra..
(Texto extraído do blog
do autor, Fiteiro Cultural”
*Escritor, poeta e
teatrólogo. Blog Fiteiro Cultural –HTTP://josecalvino.blogspot.com/
).
Desconhecia essa faceta. Triste como outras já conhecidas.
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