Canção sem mensagem
* Por
Pedro J. Bondaczuk
Massas
amorfas, de autômatos
insensíveis,
de aço e silício,
controlados
por computador,
estridulam
senhas repetitivas.
Intimam
por mensagens, com
seus
mantras eletrônicos
e
monótonos.
Escravo
do acaso...Escuro
labirinto,
de caminhos
confusos,
sem referenciais.
Becos
sem saída. Confusão...
Diálogo
de surdos.
Enredos
ensandecidos...
Onde
o sentido? Não há!
Reflexos,
delírios, murmúrios
e,
no final, um enorme vazio
e
corpos, muitos corpos
empilhados
em desordem, repasto
de
vermes e de urubus.
Medo...O
tempo, com
adaga
de aço, cabo de chumbo,
com
fio de navalha,
decepa,
cegamente, cabeças.
Holocausto
sinistro.
"Delenda
Cartago!"
Onde
o piano de vidro,
sangrando
notas de
um
Noturno de Chopin?
Pianos
de vidro não há!
Cadê
a lira de barro,
com
sons de cristal,
e
a melodia hipnótica das sereias?
Liras
de barro não há!
O
colibri de diamante
tinha
era asas de vidro,
estilhaçadas
nas pedras,
num
tilintar dissonante.
Louca
perseguição no escuro.
Labirinto
das circunstâncias.
O
verdugo marcha implacável.
Os
sons de seus passos
são
como sinistro réquiem.
Pode
estar no próximo corredor,
ali,
na esquina seguinte,
com
olhar mortiço e homicida,
à
espera que o acaso
promova
o fatal encontro:
e
então, zás! O nada!
Adeus
sonhos perdidos
na
mansão dos fantasmas,
empalhados
como troféus.
Sem
orgulhos, objetos,
honrarias,
dignidade...
Só
um monte de carne
apodrecendo
em esquife,
lamentável,
sinistra imagem.
Da
vida, o que restou?
Nada!
Nem glórias ou lembrança
ou
fortuna, ou razão
ou
coragem. Só o silêncio
e
no fundo, a meio tom,
os
mantras eletrônicos e
monótonos
de autômatos,
movidos
por controle-remoto,
intimando,
por senhas,
de
mensagens, que não há...
(Poema composto em Campinas,
em 8 de julho de 1971).
*
Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de
Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do
Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções,
foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no
Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios
políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance
Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas),
“Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da
Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º
aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio
de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53,
página 54. Blog “O Escrevinhador” –
http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk
Nenhum comentário:
Postar um comentário