sábado, 2 de setembro de 2017

Soneto à Ciência

* Por Edgar Allan Poe

Ciência! Do velho Tempo és filha predileta!
Tudo alteras, com o olhar que tudo inquire e invade!
Por que rasgas assim o coração do poeta,
abutre, que asas tens de triste Realidade?

Poderia ele amar-te, achar sabedoria
em ti, se ousas cortar seu voo errante e ao léu
quando tenta extrair os tesouros do céu,
mesmo que a asa se eleve indômita e bravia?

Não furtaste a Diana o carro? E não forçaste
a Hamadríade do bosque a procurar, fugindo,
estrela mais feliz, que para sempre a esconda?

Não arrancaste à Ninfa as carícias da onda,

e ao Elfo a verde relva? E a mim, não me roubaste
o sonho de verão ao pé do tamarindo?


(Tradução de Oscar Mendes).



* Poeta e ficcionista norte-americano, considerado o criador dos gêneros contos policiais e histórias de terror.

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