O
nome dos gatos
* Por
T. S. Eliot
Dar
nome aos gatos é assunto complicado,
Não
é apenas um jogo que divirta adolescentes;
Podem
pensar, à primeira vista, que sou doido desvairado
Quando
eu digo, um gato deve ter TRÊS
NOMES DIFERENTES.
Primeiro,
temos o nome que a família usa diariamente,
Como
Pedro, Augusto, Alonso ou Zé Maria,
Como
Vitor ou Jonas, Jorge ou Gui Clemente
Todos
nomes sensíveis para o dia-a-dia.
Há
nomes mais requintados se pensam que podem soar melhor,
Alguns
para os cavalheiros, outros para titia:
Como
Platão, Demetrius, Electra ou Eleonor –
Mas
todos eles são sensíveis nomes de todo dia.
Mas
eu digo, um gato precisa ter um nome que é particular,
Um
nome que lhe é peculiar, e que muito o dignifica,
De
outro modo, como poderia manter sua cauda perpendicular,
Ou
espreguiçar os bigodes, orgulhar-se de sua estica?
Dos
nomes deste tipo, posso oferecer um quórum,
Como
Munkustrap, Quaxo, ou Coricopato,
Como
Bombalurina, ou mesmo Jellylorum –
Nomes
que nunca pertencem a mais de um gato.
Mas,
acima e para além, ainda existe um nome a suprir,
E
este é o nome que você jamais cogitaria;
O
nome que nenhuma investigação humana pode descobrir –
Mas
O
GATO E SOMENTE ELE SABE,
e nunca o confessaria.
Se
um gato for surpreendido com um olhar de meditação,
A
razão, eu lhe digo, é sempre a mesma que o consome:
Sua
mente está engajada em uma rápida contemplação
De
lembrar, de lembrar, de lembrar qual é o seu nome:
Seu
inefável afável
Inefavefável
Oculto,
inescrutável e singular
Nome.
(Tradução
de Rodrigo Suzuki Cintra).
*
Thomas Stearns Eliot foi um poeta modernista, dramaturgo e crítico
literário norte-americano, naturalizado inglês, ganhador do Prêmio
Nobel de Literatura de 1948.
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