Despacito
abraça o planeta Terra
* Por
Mara Narciso
Mesmo
com a comunicação instantânea da internet, desconhecia a música
“Despacito”, acreditem, até há apenas três meses. Ela me
chegou pelo WhatsApp, num vídeo que mostrava um rapaz bem vestido
tocando saxofone, num lugar elegante. E a música, como é o costume
dela, entrou-me pelos poros e em segundos já tinha ganhando meu
espírito que balançava junto com ela
.
Então,
minha irmã Carla viajou para a América Central e de lá mandou-me
uma mensagem dizendo estar ouvindo o Despacito. Foi quando me dei
conta de que algo grande tinha acontecido. Busquei no Google e
descobri que a música, por ter conteúdo sexual havia sido proibida
em território da Malásia. Isso me fez interessar pela letra em
Espanhol, que de fato fala de sexo.
Ainda
não sabia quem eram seus compositores Luis Fonsi, Erika Ender e
Daddy Yankee. O rapper Daddy Yankee é co-autor e portorriquenho como
o autor Luis Fonsi, de 39 anos, e, a autora é panamenha. Ambos os
autores criaram letra e música em parceria. Erika Ender, de 42 anos,
é filha de uma baiana e diz que compôs “Despacito – que quer
dizer devagarinho - em 4 horas para falar de sexo com delicadeza,
respeito e bom gosto, tendo uma mensagem positiva na medida certa”.
A cantora e compositora também fez uma versão de Despacito para o
Português, o qual fala com sotaque baiano.
Lançada
em 13 de janeiro de 2017, a música estilo reggaeton explodiu com o
furor de muitas bombas, popularidade fácil de ser medida, bastando
ver as visualizações do clipe oficial no YouTube, assistido por 3,6
bilhões de pessoas. Bilhões mesmo! Também não é para menos e em
breve será muito mais. Tudo relativo à música, que se espalhou
mundo afora, tem dimensões bíblicas, sendo uma melodia que nasceu
clássica e eterna.
No
videoclipe, um mar maravilhoso, verde aveludado, uma bamboleante
mulher morena, de short e a cena dançante na periferia de uma
cidade. Há um bailado, e a dança é provocante. Do dia claro,
muda-se para o interior pesado de uma boate, e a festa continua com a
mesma mulher, desta vez semidespida numa roupa ultra decotada.
A
maior provocação é quando, em dois momentos, um casal dá um
salto, um em direção do outro, trombando os montes púbicos, numa
ação vigorosa. E, ainda que haja essa cena, que tem pegada forte, a
letra da música fala de ação vagarosa, suavidade e afeto.
O
hit ganhou novo “up” quando Justin Bieber fez um remix com ela e
a lançou em Inglês nos Estados Unidos. Também foram feitas várias
traduções, uso de instrumentos clássicos e inesperados, paródias,
versões para orquestra sinfônica, dança de bonecos, desenhos e
outras manifestações, muitas delas com milhões de visualizações
da melodia, que impregnou o mundo. Depois de La Bamba, aquela música
que é usada para jogar pessoas na pista de dança, nunca tinha sido
feita uma música tão dançante.
Mesmo
que falar Espanhol não seja tão fácil para os brasileiros, o que
se vê é a obrigatoriedade da apresentação de Despacito nos
ambientes festivos. E o resultado? Pista cheia de pessoas acanhadas
em princípio, que logo se soltam no compasso do hit mais dançante
da internet.
Há
os que não querem mais ouvi-la, pois nos sete mares e nos cinco
continentes os acordes de Despacito foram ouvidos, cantados e
dançados à exaustão. E até por isso mesmo, a mais moralista das
pessoas haverá de, contra a sua vontade, bater os pés no ritmo da
música, instintivamente, naquele velho estilo de Gonzaguinha: “Não
dá mais pra segurar, explode coração!”
*
Médica endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia
Feminina de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico, ambos de
Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade”
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