Idealismo
* Por
Augusto dos Anjos
Falas
de amor, e eu ouço tudo e calo!
O
amor da humanidade é uma mentira.
É.
E é por isto que na minha lira
de
amores fúteis poucas vezes falo.
O
amor! Quando virei por fim a amá-lo?
Quando,
se o amor que a humanidade inspira
é
o amor do sibarita e da hetaira,
de
Messalina e de Sardanapalo?
Pois
é mister que, para o amor sagrado,
o
mundo fique imaterializado
---
alavanca desviada do seu fulcro –
e
haja só amizade verdadeira
duma
caveira para outra caveira,
do
meu sepulcro para o teu sepulcro?!
*
Poeta, considerado, por muitos, como simbolista e por outros tantos,
como parnasiano.
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