Cena 1
* Por
Edmundo Pacheco
O dia amanheceu sem grandes
atrativos. Nuvens carregadas insinuavam que choveria a qualquer
momento. Um vento cortante soprava do sul, uma garoa fina e gelada
trazia a sensação térmica do pólo norte. Edson parou à porta do
hotel, puxou a gola do casaco, tentando adivinhar se choveria ou não.
Por um instante, um frio lhe
socou o estômago: aqueles homens ainda podiam estar em seu encalço.
Lembrou-se do som dos tiros. Da dor lancinante e do frio silencioso
da morte.
Olhou ao redor, tentando
encontrá-los, mas não viu ninguém. Resolveu arriscar e seguir seu
caminho. Estava disposto a conseguir a primeira passagem para o
primeiro ônibus que o levasse de volta para casa.
Das marquises das lojas pingos
gelados ameaçavam que passasse por baixo, ou tentasse cruzá-los.
Edson estava novamente vivo,
por mais incrível que isso pudesse parecer...
*Jornalista, editor-chefe
da TV Guairaca (afiliada Globo) Guarapuava, PR
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