Antipoema
* Por
Pedro J. Bondaczuk
Saí, um dia, garboso,
pelos campos abertos da noite
em busca do ideal antigo:
da minha lança de vento,
do meu escudo de vidro,
da minha espada de fogo
e do meu elmo de cristal.
Em meu cavalo alado,
com meu fiel escudeiro,
do meu castelo dourado,
em certo dia saí.
Fui combater a quimera,
decapitar
dragões
batalhar
pela justiça:
com minha lança de vento,
com meu escudo de vidro,
com minha espada de fogo
e com meu elmo de cristal.
Combati atros fantasmas,
derrubei muitos tiranos,
escravizei muitos bravos
e libertei vários escravos,
com a força da convicção
do meu coração ousado
e o inimitável poder
da minha lança de vento,
do meu escudo de vidro,
da minha espada de fogo
e do meu elmo de cristal.
De investida em investida,
empreendi tamanha lida
que cheguei a perder a vida.
Fantasma, um dia, voltei,
triste, cansado, vencido,
ao meu castelo dourado
sem nada ter ou querer:
sem minha lança de vento,
sem meu escudo de vidro,
sem minha espada de fogo
e sem meu elmo de cristal.
Hoje, procuro um herdeiro,
outro audaz guerreiro,
corajoso e destemido,
que empunhe, com braço ousado,
a minha lança de vento,
o meu escudo de vidro,
a minha espada de fogo
e o meu elmo de cristal.
Lanço ao vento o meu repto.
Se algum poeta discreto,
ou mesmo um agente secreto,
quiser ocupar meu lugar,
empunhe as armas tão minhas:
a minha lança de vento,
o meu escudo de vidro,
a minha espada de fogo
e o meu elmo de cristal.
(Poema composto em Campinas, em 27 de outubro de
1968).
*
Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas
(atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e
do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe,
ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma
nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance
Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas), “Antologia” – maio de 1991
a maio de 1996. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 49 (edição
comemorativa do 40º aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio
de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53, página 54. Blog “O
Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk
Os inimigos são moinhos de vento, mas as armas também são equivalentes. Muita cultura e imaginação aos 25 anos.
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