Flor despetalada
* Por
Herculano Alencar
Nua, sem uma pétala sequer,
a flor envergonhada se escondia,
por trás de um buquê de poesia,
num quarto descomposto de mulher.
Ao lado, um botão de bem-me-quer
tentava cortejá-la, sem pudor...
Mal sabia (o coitado) que essa flor
não era simplesmente uma qualquer.
Era a rosa da rosa de Hiroshima,
que fugiu do buquê, como uma rima
desgarrada dum verso de amor.
E que a flor, pudica, ali despida,
não pôde perfumar, durante a vida,
tampouco seduzir um beija-flor.
*
Poeta.
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