Sorte e obstinação
A obstinação, ou seja, a perseverança
na busca de um objetivo, é fator primordial para o sucesso de qualquer
empreendimento, individual ou coletivo. É muito fácil (e cômodo), embora
contraproducente, abandonar uma tarefa pelo meio, quando surgem dificuldades,
às vezes sequer muito grandes, mas que exigem das pessoas maior dose de
aplicação, de esforço, de talento ou apenas de persistência.
O desânimo é uma tendência bastante
comum, mas que reflete comodismo e em geral falta de objetivos definidos. É uma
atitude a ser combatida com autodisciplina e com uma visão clara da meta que se
quer atingir. É, aliás, o comportamento da maioria das pessoas (das perdedoras,
evidentemente), que esperam que os outros atendam os seus desejos e
necessidades, de graça, sem que precisem dar nenhuma contrapartida.
Feio, porém, não é fracassar, mas não
haver sequer tentado ser vencedor. Alguns obstáculos, à primeira vista, assumem
o aspecto de intransponíveis, embora raros o sejam de fato. Isto, é claro, se o
objetivo visado for factível. Ou seja, desde que não extrapole para o terreno
da fantasia, do sonho inconseqüente, da impossibilidade física, intelectual ou
material. Mesmo nestes casos, o homem tem sabido, no correr da história, superar
limites.
Outro fator amiúde citado pelas pessoas
como fundamental para o sucesso é a chamada "sorte". E o que vem a
ser esse conceito tão vago, com tantos significados, e que costumo denominar de
"acaso?" São as chances que aparecem, na hora certa e que, quando
aproveitadas, podem reverter situações adversas. É o inesperado, que nos livra
de riscos e que evita, em muitos casos, a própria morte. É o aleatório agindo a
nosso favor. É estar na hora certa, no local adequado e atento o suficiente
para usufruir da oportunidade.
Lester
Thurow, em seu livro "The Future of Capitalism", observa: "A
moral da história é que é importante ser esperto, é ainda mais importante ter
sorte, mas ainda mais importante é ser obstinado". A obstinação consegue
reverter situações aparentemente impossíveis e opera "milagres". É
uma poderosa arma para superar as adversidades de toda a sorte, das financeiras
às familiares, passando pelos fracassos profissionais, mais comuns do que se
pensa. Quantos indivíduos, que são "feras" nos tempos de escola,
detentores das melhores notas da classe, primeiros colocados em vestibulares e
que ao exercerem a profissão para a qual se prepararam com tamanho empenho,
acabam frustrando expectativas (próprias e de terceiros)!
Aliás, essa parece ser mais a regra do
que a exceção. Dificilmente vemos as "promessas" dos bancos escolares
vingarem nas profissões que escolheram. Porque apenas a preparação acadêmica é
insuficiente para garantir o sucesso. O reverendo norte-americano Norman Vincent
Peale revela: "tenho observado, no correr dos anos, que a adversidade ou
engrandece a pessoa ou a diminui. Nunca deixa como era antes".
Os que sabem extrair lições dos
fracassos, independente do fator sorte, em geral revertem situações
aparentemente de desvantagem e logram grandes feitos. Obtêm ou fortuna, ou
fama, ou satisfação pessoal, dependendo do(s) objetivo(s) que impuseram em suas
vidas. A maioria, no entanto, tende à autoflagelação diante de insucessos.
Os consultórios dos psiquiatras e
psicanalistas andam repletos de neuróticos, viciados, deprimidos, com complexo
de culpa ou de inferioridade. Foram "diminuídos" pelas adversidades
(quando não massacrados por elas). Não souberam, ou não quiseram, ou não
puderam perseverar. Em casos assim, a "sorte" nada resolve, até
porque não costuma ser contínua, mas um evento raro, quando não único em uma
vida.
O desânimo, no entanto, ainda não é o
pior que pode acontecer a alguém e o levar ao fundo do poço. O pensador
norte-americano Harry Emerson Fosdick aponta um inimigo ainda mais mortal:
"É melhor desanimar do que conformar-se", destaca. O conformismo
diante de qualquer condição (mesmo as favoráveis) ou situação é o caminho mais
curto para a acomodação. Daí para a mediocridade é apenas um passo.
A perseverança é o antídoto também
contra a conformação. Roger William Riis observa que o ser humano tem poderes
com os quais sequer atina. Destaca: "Sempre que enfrenta um obstáculo
intransponível, o homem se atira ao trabalho e acaba por sobrepujá-lo. Se há
limites para ele, ignoro onde ficam. Mas não acredito que haja. Vejo o homem
como um filho do universo que tem como herança a eternidade. Acho-o
maravilhoso, sou seu devotado entusiasta. E positivamente me orgulho de fazer
parte da raça humana". Eu também. Em especial dos empreendedores, dos
esforçados, dos entusiastas, dos obstinados...
Boa
leitura!
O
Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
"...a "sorte" nada resolve, até porque não costuma ser contínua, mas um evento raro, quando não único em uma vida." Há quem se queixe de nunca ter sorte. Falar em azar atrai o dito cujo. Faltam-me algumas características de empreendedora.
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