O peso de uma profecia
* Por
Núbia Araujo Nonato do Amaral
Alguns anos atrás, e
bota tempo nisso, um senhor bem velhinho pediu para ler minhas mãos. Fiquei
indecisa e embora me sentisse constrangida, permiti a leitura.
-Aham! Aham!
Ele pigarreou alto,
quase botei os bofes pra fora, pois ele só não cuspiu porque olharam para ele
de cara feia.
-Blarghhhhhhhhhhh!
Pensei.
Fez uns barulhos com a
boca e sentenciou:
-Você não produzirá
filhos, nem há de contrair matrimônio. Jamais fará algo que lhe traga o brilho
do sucesso e... só um instante. Ahhhhh! Estou vendo aqui! Vai cuidar de toda a
família e envelhecerá sozinha.
Puxei as mãos, pois
ele já havia me alisado demais. Fiquei por perto para ouvir as outras
sentenças.
-Uhu!!!!
-Que legal!
-Uau!!!!!!
Fiquei ali me sentindo
o cocô que gruda na patinha da mosca.
Quando coloquei a
cabeça no travesseiro é que comecei a raciocinar, naquela reuniãozinha, na qual
solidariamente fui inserida, eu era a única sem grau de parentesco, o restante
ou eram sobrinhas ou netas.
-Velho FDP meu!
* Poetisa, contista, cronista e colunista do
Literário
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