Vento
novo
* Por Flora
Figueiredo
Estava enrolada
Estava enrolada
em
teias e tranças,
debaixo
da escada,
lá
no subsolo
da
casa fechada.
Começava
a tomar ares de desgraça.
Manchada
do tempo,
fenecia
a
esperar que um dia
alguma
coisa acontecesse.
Antes
que se perdesse completamente,
sentiu
passar um vento cor-de-rosa.
Toda
prosa, espanou a bruma,
pintou
os lábios
e
sem vergonha nenhuma
caprichou
no recorte do decote.
A
felicidade volta à praça
cheia
de dengo e graça,
com
perfume novo no cangote.
*
Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a
noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto”
e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia.
Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade
e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro
de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são
como um mergulho profundo nas águas da vida.
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