Criptonita
* Por
Assionara Souza
Pura maldade, as
ilusões do cinema. Eu tinha apenas oito anos. Entrei naquela matinée. Nem sabia
que estava prestes a conhecer meu primeiro amor.
O passo um tanto bambo
pelo apertado do sapato. Meu pai nem estava ali. Distraída, sentei-me
estrelinha entre a via láctea de assentos (Na cidade, só o cinema e o cemitério
eram maiores que a igreja).
Lábios sugando no
canudinho umas últimas gotas de refri. Meus olhos vesgos se ergueram quando a
música estourou. Lá pelas tantas, eu meio tonta dividida entre o herói e o
manso, um pouso leve e o corpo duro braços cruzados frente a mim e aquele
"pega rapaz" que fazia bem assim...
O safado, imagine!,
cravou-me os olhos e fez aquele sorrisim. Ai, Super Homem, vem nin mim! Mãos
suadas, coração aos saltos dedos dos pé encurvados eu não era mais uma menina
no cinema. Era só uma mulherzinha e seu amante.
*
Escritora
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