quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Família


* Por Gustavo do Carmo



LEITO:

No leito de morte, o pai implorou ao filho para que ele estudasse para um concurso público. Seus aparelhos foram desligados.


BRINCADEIRA:

Adorava fingir para o filho que tinha morrido. O rapaz se desesperava no início, mas sacou a artimanha. Um dia descobriu que não era brincadeira quando o corpo começou a putrefar.


TATUAGEM:

Quando seus dois filhos nasceram tatuou o rosto das crianças em cada braço. Vinte anos depois, decidiu fazer uma cirurgia para removê-las. O casal de filhos o traiu, roubando-lhe todo o seu dinheiro guardado.


REUNIÃO:

De tanto ouvir a mãe o tio falando do reencontro das famílias de ambos os pais, o menino sonhou com o mesmo entre os seus. Cresceu e esteve para se casar. Realizou o sonho de reunir as famílias dos pais divorciados. Mas não teve festa porque a noiva o abandonou no altar para ficar com seu amigo.


MAL-AMADO:

Era tão mal amado pela família que quando ele morreu ninguém pressentiu nada.


GÁS:

Ligou o gás para se suicidar. Matou a família inteira com a explosão na cozinha. Ele sobreviveu.


INCOMUNICÁVEL:

Desesperou-se quando ficou incomunicável com a família. Foi quando aconteceu de tudo.


DÚVIDA:

Não teve dúvida. Comprou uma bicicleta, casou-se e formou uma família de ciclistas, com a exceção da filha do meio, que virou freira.


* Jornalista e publicitário de formação e escritor de coração. Publicou o romance Notícias que Marcam pela Giz Editorial (de São Paulo-SP) e a coletânea Indecisos - Entre outros contos.
Seu  blog, Tudo cultural - www.tudocultural.blogspot.com é bastante freqüentado por leitores




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