Pílulas literárias
187
* Por
Eduardo Oliveira Freire
- HORA DE ENTRAR
Ao ouvir a mãe, Flávio
dizia sempre: “ Só um minutinho”. A mãe começava a gritar irada e a correr com
chinelo atrás dele. Um dia, não o chamou mais e quando chegou tarde a sua casa,
encontrou o pai chorando. Ela fugiu e, desde então, Flávio se sentiu culpado.
Anos depois,
encontrou-a no hospício, cuidando com muita disciplina de seus outros filhos,
bonecos sem cabeça.
@@@
ATRAVÉS DA JANELA:
- Pai, aquele cara lá
embaixo parece um ponto bem pequeno. Se a gente estivesse no lugar dele,
seriamos pontinhos também.
O homem ficou admirado
com o pensamento do filho. Percebia-se com tantos problemas, que se sentia
gigante cansado.
@@@
"NOVELAS"
O telefone toca, o
desconhecido do outro lado da linha chama. Quando a jovem vai atender
sobressaltada, já cheguei ao meu ponto e salto do ônibus sem saber o que
passará no capítulo de manhã. Bem feito para mim, quem manda ficar de butuca na
vida alheia e anônima? Só vejo "novelas" incompletas.
* Formado em Ciências Sociais, especialização
em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
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