Lá se foi o primeiro
degrau
A Seleção Brasileira
subiu o primeiro dos sete degraus que é desafiada a subir, caso pretenda
conquistar sua sexta Copa do Mundo. Presumo que pretenda, e muito. Venceu a
equipe da Croácia por 3 a 1, não sem antes dar um susto daqueles na torcida.
Digamos que “tropeçou”, logo ao dar o primeiro passo no início da “subida”. Caiu
e esfolou os joelhos. Culpa, provavelmente, da tensão da estréia, levando em
conta a juventude e a inexperiência do grupo nesse tipo de competição e ainda
mais disputada no Brasil. É certo que no banco tinha dois profissionais
experientíssimos: Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira. Mas a Seleção
teve tempo de se recuperar, dar a volta por cima e superar o primeiro
obstáculo.
Há quem atribua o êxito
brasileiro a um polêmico pênalti assinalado pelo árbitro japonês a nosso favor.
Discordo. E discordo com base na mesmíssima imagem dos 99% que se dizem
convictos de que o apitador errou. Houve ou não houve a mão do zagueiro croata
no ombro do Fred dentro da área? “Ah, esse contato não foi suficiente para
derrubar o centroavante”, argumentam – não sem dose cavalar de arrogância – os
que fazem o possível e o impossível para desmerecer a vitória brasileira. Vocês
têm certeza disso? Baseados no quê? Na imagem? Mas esta mostra, nitidamente, o
contato. “O Fred, ao sentir a mão no ombro, se jogou”, insistem os 99% que acham
que não foi pênalti. E fez muito bem em se jogar. Eu, no lugar dele, faria o
mesmo. Mas, insisto, não houve o contato? Quanto à suficiência ou não para
causar a queda, só quem pode saber, óbvio, é quem o sofreu. Ou seja, é o Fred.
Já vi penalidades máximas
muito mais absurdas do que esta serem assinaladas, sem causarem um milésimo do
escândalo que esta causou. Meu próprio time, a Ponte Preta, sofreu inúmeras
vezes com lances parecidos e ninguém (não raro, nem nossa torcida) reclamou. Que
os croatas reclamem, é compreensível. Estão na deles. Mas que a crônica
esportiva brasileira desmereça a vitória dos comandados de Felipão por causa
desse lance, é muito para a minha cabeça. Agindo assim, deu corda para que a
imprensa internacional, nada simpática a qualquer coisa que se refira ao Brasil
(salvo raríssimas e honrosíssimas exceções), fizesse o barulho que fez e está
fazendo e desse a entender que esta Copa está “armada” em favor dos pentacampeões
mundiais, como se eles precisassem disso para a conquista do hexa.
A Seleção Brasileira
jogou bem? Depende. Se forem considerados os quinze minutos iniciais, até tomar
o gol e pouco depois desse “acidente” (pois para mim ficou claro que Marcelo
não queria empurrar a bola contra a própria meta), claro que não. Os garotos
não conseguiram controlar os nervos e tremeram na base face à responsabilidade
da estréia. Eu tremeria. Você não? Mas na partida inteira, considerada em seu
conjunto, a Seleção fez para o gasto. Ou vocês acham que a Croácia jogou
melhor? Atribuir a vitória brasileira somente ao suposto erro de arbitragem
(supondo que o japonês errou mesmo) é imensa sacanagem. Sacanagem com o Neymar,
que nos momentos decisivos, apareceu e decidiu. Sacanagem com o Oscar, que
calou a boca dos “milhões” de técnicos de botequim que defendiam sua saída da
equipe para dar lugar ao William. Sacanagem com Luiz Gustavo, quase impecável
na proteção à zaga. Sacanagem com David Luís, com sua vitalidade e entusiasmo.
Todo esse barulho feito
em torno da atuação do árbitro japonês pode ter conseqüências muito ruins para
a Seleção Brasileira. Pode, por exemplo, predispor os apitadores que vão mediar
os próximos jogos do Brasil a errarem a nosso dano, a pretexto de evitarem
erros que passem a impressão de que esta copa está “armada” para que conquistemos
o hexa. Como a de 1966, na Inglaterra. Ou como a escandalosa ‘mandracagem” de
1978 em favor da Argentina. Essas sim foram “armadas”. Caso fosse anulado algum
gol legítimo da Croácia, o que não aconteceu, a gritaria até que seria
compreensível. Mas... nosso adversário não conseguiu vazar Júlio César nenhuma
vez. Seu único gol foi acidental e feito por nosso lateral.
Ademais, o Brasil
venceu por 3 a 1 e não por 2 a 1. “Ah, mas o pênalti desestabilizou os croatas”.
Quem disse? O fato deles não terem feito nenhum gol (já que o único da sua
seleção foi o do Marcelo) deve ser atribuído à instabilidade, devido ao suposto
erro da arbitragem, ou a incompetência dos seus atacantes? É uma questão
sumamente subjetiva. Os dotados do tal complexo de vira lata, de que Nelson
Rodrigues tanto tratou, apostarão na primeira hipótese. Eu apostarei na segunda
(e tenho o mesmo direito à opinião que os que acham que o pênalti não existiu e
que ele determinou a vitória brasileira). Vão discordar de mim? Discordem à vontade.
Mas discordem com argumentos e não com sofismas ou palavrões. De qualquer
forma, com dificuldades ou não, o primeiro degrau rumo ao hexa foi superado.
Que venham os outros seis.
Boa leitura.
O Editor
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk.
Para mim Fred se jogou e fingiu ter perdido a estabilidade ao ser tocado no ombro. O gol de Oscar foi a nossa salvação, para que dormíssemos em paz. A Croácia barrou 15 minutos, não foi jogo fácil, mas não foi melhor que o Brasil. Acerta você quando considera que damos combustível a imprensa estrangeira quando, desconfiados afirmamos que houve armação. No Facebook só se fala em Copa comprada para beneficiar Dilma. Deve ser por isso que houve vaias e insultos. Isso sim, uma armação desrespeitosa.
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