segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Comemoração de Finados

* Por Roberto Corrêa

Como existe dia de comemoração para tudo (dia das mães, dos pais, dos namorados etc. etc.), não podia faltar o de comemoração dos mortos. É o Dia de Finados que se fizermos exata verificação, induvidosamente, seria o mais antigo deles.

Comemora-se, mas o destrinchamento do seu sentido esbarra em não poucas dificuldades, pois não se compreende bem como podemos festejar quem se encontra morto. Dia de finados relembra o dia que chegaremos ao fim. É uma realidade triste para os que não aceitam a existência da vida futura (excluem-se os cristãos, portanto).

Dado o sentido paradoxal dessa tradicional comemoração, de há muito os infiltradores adversos a princípios religiosos e dilapidadores das diversas crenças, vão minando todas as celebrações relativas ao evento com a parafernália das distrações humanas,minadas sobretudo, com as pecaminosas atrações da carne. As mais disseminadas e aceitas consistem em tornar esse feriado religioso como oportunidade para se “desfrutar” uma praia ou fazer pequenas viagens.

No nordeste, segundo me contou nossa auxiliar de serviços domésticos, comemora-se como dia das almas, o que me parece nominalmente mais acertado, pois as atenções humanas se dirigem mais aos que já partiram deste mundo, ou seja, das almas que saíram dos seus corpos, provocando-lhes a morte física.

As comemorações, em décadas bem mais antigas consistiam em orações pelas almas dos falecidos, eventualmente liberando-as dos pecados cometidos ainda quando vivos. Daí uma das razões da crença do purgatório pelos cristão-católicos.

Hoje, em consequência do declínio da formação católica não se encontra em seu meio uniformidade de entendimento, razão pela qual o Pontífice Reinante pretende dar cunhos de modernidade nas novas normas da liturgia cotidiana.

Enquanto isso, vamos continuar rezando ou orando, deprecando especialmente para o incremento da fé, a primeira daquelas virtudes teologais. Não podemos deixar de insistir no incremento dessa extraordinária virtude, pois temos de crer absolutamente nos mistérios sobrenaturais e o exemplo de fé que o dia de Finados nos proporciona é bem explicativo: nós vivos ,nesta data, estamos cogitando (relembrando) de parentes e amigos falecidos, rezando, assistindo cultos, visitando cemitérios etc.

* Roberto Corrêa é sócio do Instituto dos Advogados de São Paulo, da Academia Campineira de Letras e Artes, do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico, de Campinas, e de clubes cívicos e culturais, também de Campinas. Formou-se pela Faculdade Paulista de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Fez pós-graduação em Direito Civil pela USP e se aposentou como Procurador do Estado. É autor de alguns livros, entre eles "Caminhos da Paz", "Direito Poético", "Vencendo Obstáculos", "Subjugar a Violência”, Breve Catálogo de Cultura e Curiosidades, O Homem Só.


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