domingo, 5 de maio de 2013


Paulo Vanzolini

* Por Giba Motta

"Levanta: alguma coisa acontece no meu coração..."

E o dia amanheceu menos dia...

Pois lá se foi o Paulo. Paulo de tal; Paulo dos versos; Paulo da noite. A noite (e os dias) sem o Paulo serão certamente mais lentos, arrastados. A vida sem a poesia, vale mesmo muito menos e pesa. E lá se foi o Paulo; Paulo de Sampa; Paulo do mundo. Sem a poesia dói...mas sem o poeta fica quase impossível sonhar.

Um dia Paulo escreveu: "Quando eu partir, parto sem pena; pena de quem ficar!". Ficamos todos mais solitários na "ronda"; muito menos sem o Paulo: Paulo que um dia atendeu pelo sobrenome mágico e inesquecível Vanzolini.

Alguma coisa acontece em nossos corações!

Caiu. Arruma as pernas, o paletó de linho branco já desbotado, sacode a poeira e dá a volta por cima. Jamais um intelectual paulista mostrará a sua verdadeira face boêmia o tanto o quanto Paulo mostrou; e expôs cara da primeira hora; de cerveja tomada comigo no bairro do Bexiga às 9 da matina; de violão às 6 da madruga.

Sujeito sensível, o Paulo. Nada de novo: um poeta verdadeiro. Sinto mesmo, por ele, por mim, por todos. Mas sinto de verdade pelo mundo, o mundão de deuses e demônios que ficarão sem a mediação sincera de Paulo. Paulo, que será eterno como Vanzolin, que será a poesia pura dos seres que vagam pelas noites em uma ronda sem chegada em busca da iluminação.

* Jornalista

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