Paulo Vanzolini
* Por
Giba Motta
"Levanta: alguma coisa acontece no meu
coração..."
E o dia amanheceu menos dia...
Pois lá se foi o Paulo. Paulo de tal; Paulo dos
versos; Paulo da noite. A noite (e os dias) sem o Paulo serão certamente mais
lentos, arrastados. A vida sem a poesia, vale mesmo muito menos e pesa. E lá se
foi o Paulo; Paulo de Sampa; Paulo do mundo. Sem a poesia dói...mas sem o poeta
fica quase impossível sonhar.
Um dia Paulo escreveu: "Quando eu partir, parto sem pena; pena de quem ficar!". Ficamos todos mais solitários na "ronda"; muito menos sem o Paulo: Paulo que um dia atendeu pelo sobrenome mágico e inesquecível Vanzolini.
Alguma coisa acontece em nossos corações!
Caiu. Arruma as pernas, o paletó de linho branco já
desbotado, sacode a poeira e dá a volta por cima. Jamais um intelectual
paulista mostrará a sua verdadeira face boêmia o tanto o quanto Paulo mostrou;
e expôs cara da primeira hora; de cerveja tomada comigo no bairro do Bexiga às
9 da matina; de violão às 6 da madruga.
Sujeito sensível, o Paulo. Nada de novo: um poeta
verdadeiro. Sinto mesmo, por ele, por mim, por todos. Mas sinto de verdade pelo
mundo, o mundão de deuses e demônios que ficarão sem a mediação sincera de
Paulo. Paulo, que será eterno como Vanzolin, que será a poesia pura dos seres
que vagam pelas noites em uma ronda sem chegada em busca da iluminação.
*
Jornalista
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