sexta-feira, 15 de março de 2013


Pílulas literárias 161

* Por Eduardo Oliveira Freire

ACUMULO

Quanto mais armazenava informações, sua mente não conseguia mais selecionar o que servia. Aos poucos sua memória se transformou em lixão.

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CANTO


Deprimido em sua banheira de ouro, bebe champanha e cheira uma carreira de cocaína. Ouve ao longe a faxineira cantarolando uma canção que o faz se lembrar de quando era menino, quando corria pela imensidão do campo. Depois, retornava para os braços da avó, que o ninava com o mesmo canto. De repente, sente a avó abraçá-lo e ele dorme profundamente.


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INSTANTES...


A mulher fazia brigadeiro para os netos e o marido pegava a colher para saborear o doce. Chamava a esposa de mãe, por instantes, e ela não gostava disso.


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NA PRAÇA


Era hábito José jogar xadrez na praça. Com o tempo, os parceiros morreram. Mas, não se sentia sozinho, continuava a jogar com os antigos companheiros na mesma hora e no mesmo lugar de sempre.

* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor

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