
Viva Jorge Amado
* Por Antônio Falcão
A 10 de agosto de 1912, o baiano Jorge Amado nasceu numa fazenda de cacau, em Itabuna. Depois, foi para Ilhéus, cidade litorânea da Bahia, onde viveu a infância e se alfabetizou. Mas pra ele o ganho supremo com a mudança foi conhecer o mar, elemento essencial às suas retinas de ficcionista. Em Salvador, cursando o secundário, um padre lhe apresentaria aos livros. E, ainda adolescente, foi jornalista, ofício que exerceu por alguns anos. Desde aí, as desigualdades sociais se incorporaram à sua visão de mundo e o absorveram por completo.
Aos 18 anos, para cursar a faculdade de direito, Jorge foi pro Rio e lá, seduzido por Marx e Lenin, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro, PCB. Um ano após, saiu o romance País do Carnaval, que deu início à sua fértil carreira literária. E, a seguir, casou em Sergipe com Matilde Rosa, com quem viveu 11 anos. Mas não se separava da política, que lhe exigia mais que a tarefa de escritor. Pior: comprometia-o esteticamente, fazendo so seu romance social um panfleto partidário. Isso, além de lhe valer prisões, clandestinidades e exílios.
Em 1945, já vivendo com Zélia Gattai, ele se elegeu deputado constituinte por São Paulo e teve boa atuação como parlamentar, inclusive transformando em lei o seu projeto de liberdade de culto religioso. Porém, com a cassação do PCB, foi com a família pra Paris, até ser expulso da França por motivos políticos e se exilar em Praga. Em 1955, depois de sair a trilogia romanesca Os subterrâneos da liberdade, Jorge Amado pediu ao Partidão para liberá-lo, pois queria dedicar-se tão só à literatura. E com isso a sua arte igualmente se soltou, mostrando-se mais bem-humorada, poética, sensual, cheia de Bahia, candomblé, jagunços, trabalhadores, malandros e teses feministas em: Gabriela, cravo e canela, Os velhos marinheiros, Dona Flor e seus dois maridos, Teresa Batista cansada de guerra e Tieta do Agreste. Esse cativante artista morreu em 2001 e é, ainda, aqui e no exterior, o mais popular dos nossos autores. Dos seus 45 títulos publicados, a maioria foi traduzida em 49 idiomas. E, com adaptações, algumas obras continuam sendo aplaudidas, também, no cinema e na televisão. Daí, neste 2012, centenário do seu nascimento, se lesse, o generoso povo brasileiro lhe agradeceria. E, se ao menos soubesse, lembrava isto que ele disse com humildade: "Nunca me senti escritor importante, grande homem, apenas escritor e homem".
Publicado no Jornal do Commercio, Recife, em 26/02/2012.
• Escritor
* Por Antônio Falcão
A 10 de agosto de 1912, o baiano Jorge Amado nasceu numa fazenda de cacau, em Itabuna. Depois, foi para Ilhéus, cidade litorânea da Bahia, onde viveu a infância e se alfabetizou. Mas pra ele o ganho supremo com a mudança foi conhecer o mar, elemento essencial às suas retinas de ficcionista. Em Salvador, cursando o secundário, um padre lhe apresentaria aos livros. E, ainda adolescente, foi jornalista, ofício que exerceu por alguns anos. Desde aí, as desigualdades sociais se incorporaram à sua visão de mundo e o absorveram por completo.
Aos 18 anos, para cursar a faculdade de direito, Jorge foi pro Rio e lá, seduzido por Marx e Lenin, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro, PCB. Um ano após, saiu o romance País do Carnaval, que deu início à sua fértil carreira literária. E, a seguir, casou em Sergipe com Matilde Rosa, com quem viveu 11 anos. Mas não se separava da política, que lhe exigia mais que a tarefa de escritor. Pior: comprometia-o esteticamente, fazendo so seu romance social um panfleto partidário. Isso, além de lhe valer prisões, clandestinidades e exílios.
Em 1945, já vivendo com Zélia Gattai, ele se elegeu deputado constituinte por São Paulo e teve boa atuação como parlamentar, inclusive transformando em lei o seu projeto de liberdade de culto religioso. Porém, com a cassação do PCB, foi com a família pra Paris, até ser expulso da França por motivos políticos e se exilar em Praga. Em 1955, depois de sair a trilogia romanesca Os subterrâneos da liberdade, Jorge Amado pediu ao Partidão para liberá-lo, pois queria dedicar-se tão só à literatura. E com isso a sua arte igualmente se soltou, mostrando-se mais bem-humorada, poética, sensual, cheia de Bahia, candomblé, jagunços, trabalhadores, malandros e teses feministas em: Gabriela, cravo e canela, Os velhos marinheiros, Dona Flor e seus dois maridos, Teresa Batista cansada de guerra e Tieta do Agreste. Esse cativante artista morreu em 2001 e é, ainda, aqui e no exterior, o mais popular dos nossos autores. Dos seus 45 títulos publicados, a maioria foi traduzida em 49 idiomas. E, com adaptações, algumas obras continuam sendo aplaudidas, também, no cinema e na televisão. Daí, neste 2012, centenário do seu nascimento, se lesse, o generoso povo brasileiro lhe agradeceria. E, se ao menos soubesse, lembrava isto que ele disse com humildade: "Nunca me senti escritor importante, grande homem, apenas escritor e homem".
Publicado no Jornal do Commercio, Recife, em 26/02/2012.
• Escritor
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