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Múltiplas
* Por Evelyne Furtado
Utilizo-me de múltiplas narradoras quando escrevo. Valho-me da menina assombrada diante do mundo e da mesma menina de riso solto e pernas desgovernadas descendo o morro em Ponta Negra.
Lanço mão da adolescente deslumbrada ante as possibilidades e ao mesmo tempo tímida perante as mesmas possibilidades.
Sou órfã de pai no desamparo e protetora da filha única que tanto protege quanto é protegida.
Uso a mulher apaixonada tão enfaticamente como uso a mulher desiludida. Meu texto chora, ri,canta e dança conforme a sintonia.
Visto-me de dama sofisticada e dispo-me em meio a pedaços de vaso quebrado. Sou uma e s outra.
É nítida a leitora entusiasmada em meus textos. Sopra-me ao ouvido o último autor que me encantou. Ando como Cora Coralina pelas ruas de Goiás Velho, consciente de que apenas a imito.
De cara para o vento de setembro em Natal ouço uma sonata de Bach e abrigo da ventania as páginas de um livro no qual me resguardo da tarde.
A música me transporta para outro tempo, onde sou outra pessoa, vivo outra vida, pois sou, também, aquelas que não fui.
Utilizo-me de múltiplas narradoras quando escrevo. Valho-me da menina assombrada diante do mundo e da mesma menina de riso solto e pernas desgovernadas descendo o morro em Ponta Negra.
Lanço mão da adolescente deslumbrada ante as possibilidades e ao mesmo tempo tímida perante as mesmas possibilidades.
Sou órfã de pai no desamparo e protetora da filha única que tanto protege quanto é protegida.
Uso a mulher apaixonada tão enfaticamente como uso a mulher desiludida. Meu texto chora, ri,canta e dança conforme a sintonia.
Visto-me de dama sofisticada e dispo-me em meio a pedaços de vaso quebrado. Sou uma e s outra.
É nítida a leitora entusiasmada em meus textos. Sopra-me ao ouvido o último autor que me encantou. Ando como Cora Coralina pelas ruas de Goiás Velho, consciente de que apenas a imito.
De cara para o vento de setembro em Natal ouço uma sonata de Bach e abrigo da ventania as páginas de um livro no qual me resguardo da tarde.
A música me transporta para outro tempo, onde sou outra pessoa, vivo outra vida, pois sou, também, aquelas que não fui.
• Poetisa e cronista de Natal/RN
É assim, múltipla, que Evelyne se torna única. Um grande abraço e parabéns pelo texto, amiga.
ResponderExcluirQue lindo texto, é por isso que não desisto
ResponderExcluirde convidar as pessoas para virem aqui...
Abraços
Belo texto, por isso escolhi um poema de Cora Coralina "Meu Epitáfio", último estrofe:
ResponderExcluir"Não morre aquele
que deixou na terra
a melodia de seu cântico
na música de seus versos”
Parabéns, Evelyne!
Beijos
Marcelo, Núbia e José, essa aqui agradece a vocês.
ResponderExcluirBeijos
Bom sermos múltiplas, e ainda melhor é podermos ser múltiplas através do seu olhar, das suas palavras, pois neles vemos e sentimos coisas que não sentiríamos caso não tivéssemos essa guia, essa direção protetora de uma das suas personagens. E surpresa final: a miscelânea de Evelynes faz sentido em separado e no todo e ainda é otimista.
ResponderExcluirDa que tem esperança, eu cuido com muito carinho, Mara! Obrigada, amiga!Bjs
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