

O troco
* Por Rodrigo Ramazzini
Pela manhã, no caixa de uma pequena cafeteria.
- Quanto?
- Era só o café, né?
- Isso!
- Um e cinqüenta.
- Ó... Não tenho menos...
- Não tem menos mesmo? Tu és o segundo que me aparece aqui hoje com uma nota de cinqüenta... Nem umas moedinhas?
- Pior que não tenho...
- Vou ficar sem troco...
- Pior que não tenho mesmo. Passei no banco antes de vir aqui. Só tenho essa nota, aliás...
- Vou ter que te dar tudo de moeda...
- Como é que é? Não escutei...
- O troco! Vou ter que te dar tudo de moeda...
- Pô, meu camarada! Levar quarenta e oito reais e cinqüenta em moeda é dose, hein?
- É o que eu tenho...
- Em moeda, eu não quero.
- É o que eu tenho. É pegar ou largar...
- Em moeda não! Isso é um absurdo não ter troco.
- Troco eu tenho, o senhor que não quer levar...
- Não tem como um funcionário trocar esse dinheiro em algum lugar?
- A casa está cheia! Não tem como alguém sair agora...
- Meu Deus! Então, me devolve o dinheiro que eu mesmo vou a algum lugar trocar...
- Quem sabe o senhor passa aqui à tarde. Daí, já tem troco...
- O senhor está achando que vou lhe roubar? Que vou fugir como seu dinheiro do café?
- Eu lhe faço a mesma pergunta. O senhor está achando que vou lhe roubar? Que vou fugir com o seu troco?
- Que absurdo! Não posso deixar o cafezinho pendurado? Eu passo aqui depois e te pago. Eu trabalho na loja amarela, no final da rua... Já tomei café aqui antes...
- Não vendo fiado!
- Não é fiado...
- Se eu abrir uma exceção para o senhor... Vai chover gente pedindo para pagar depois também...
- Que absurdo, meu Deus!
- Fazer o que...
- Isso que eu lhe pergunto: vamos fazer o quê? Eu quero o meu troco!
- Já disse! Passa aqui depois que já tem troco...
- Eu não saio daqui sem o meu troco! Seu pilantra!
- Tu que é Pilantra! Seu sem vergonha...
Foi então que começou uma discussão mais áspera. Com palavras impublicáveis. Estava armada a confusão na pequena cafeteria. As pessoas que aguardavam na fila do caixa começaram a assistir um festival de baixarias. Cogitaram até em chamar a polícia. Os ânimos só se acalmaram depois que outro cliente resolveu incluir o café de R$ 1,50 em sua conta e acabar com o tumulto. O “devedor” e o “pagador” saíram juntos da cafeteira, pararam em uma esquina próxima e começaram a conversar:
- Muito obrigado por pagar o café para mim!
- Não foi nada!
- Esses donos de boteco são muito espertos. Pra cima de mim, não! Mas toma...
- O que é isso?
- O dinheiro do café.
- Não estou entendendo. Por que tu não deste esse dinheiro na cafeteria e evitaste aquela confusão toda?
- É que eu queria trocar aquela nota de cinqüenta contos, mas não por moeda, como ele queria me dar... Entende?
A confusão recomeçou na esquina. Mas desta vez tiveram que chamar a polícia...
* Jornalista
* Por Rodrigo Ramazzini
Pela manhã, no caixa de uma pequena cafeteria.
- Quanto?
- Era só o café, né?
- Isso!
- Um e cinqüenta.
- Ó... Não tenho menos...
- Não tem menos mesmo? Tu és o segundo que me aparece aqui hoje com uma nota de cinqüenta... Nem umas moedinhas?
- Pior que não tenho...
- Vou ficar sem troco...
- Pior que não tenho mesmo. Passei no banco antes de vir aqui. Só tenho essa nota, aliás...
- Vou ter que te dar tudo de moeda...
- Como é que é? Não escutei...
- O troco! Vou ter que te dar tudo de moeda...
- Pô, meu camarada! Levar quarenta e oito reais e cinqüenta em moeda é dose, hein?
- É o que eu tenho...
- Em moeda, eu não quero.
- É o que eu tenho. É pegar ou largar...
- Em moeda não! Isso é um absurdo não ter troco.
- Troco eu tenho, o senhor que não quer levar...
- Não tem como um funcionário trocar esse dinheiro em algum lugar?
- A casa está cheia! Não tem como alguém sair agora...
- Meu Deus! Então, me devolve o dinheiro que eu mesmo vou a algum lugar trocar...
- Quem sabe o senhor passa aqui à tarde. Daí, já tem troco...
- O senhor está achando que vou lhe roubar? Que vou fugir como seu dinheiro do café?
- Eu lhe faço a mesma pergunta. O senhor está achando que vou lhe roubar? Que vou fugir com o seu troco?
- Que absurdo! Não posso deixar o cafezinho pendurado? Eu passo aqui depois e te pago. Eu trabalho na loja amarela, no final da rua... Já tomei café aqui antes...
- Não vendo fiado!
- Não é fiado...
- Se eu abrir uma exceção para o senhor... Vai chover gente pedindo para pagar depois também...
- Que absurdo, meu Deus!
- Fazer o que...
- Isso que eu lhe pergunto: vamos fazer o quê? Eu quero o meu troco!
- Já disse! Passa aqui depois que já tem troco...
- Eu não saio daqui sem o meu troco! Seu pilantra!
- Tu que é Pilantra! Seu sem vergonha...
Foi então que começou uma discussão mais áspera. Com palavras impublicáveis. Estava armada a confusão na pequena cafeteria. As pessoas que aguardavam na fila do caixa começaram a assistir um festival de baixarias. Cogitaram até em chamar a polícia. Os ânimos só se acalmaram depois que outro cliente resolveu incluir o café de R$ 1,50 em sua conta e acabar com o tumulto. O “devedor” e o “pagador” saíram juntos da cafeteira, pararam em uma esquina próxima e começaram a conversar:
- Muito obrigado por pagar o café para mim!
- Não foi nada!
- Esses donos de boteco são muito espertos. Pra cima de mim, não! Mas toma...
- O que é isso?
- O dinheiro do café.
- Não estou entendendo. Por que tu não deste esse dinheiro na cafeteria e evitaste aquela confusão toda?
- É que eu queria trocar aquela nota de cinqüenta contos, mas não por moeda, como ele queria me dar... Entende?
A confusão recomeçou na esquina. Mas desta vez tiveram que chamar a polícia...
* Jornalista
Showwwwwwww!
ResponderExcluirAdorei Rodrigo.
Mas que pangaré implicante.
Divertidíssimo texto.
Abração
Se fiz alguém sorrir, já valeu o texto!
ResponderExcluirObrigado, Núbia!
Bom final de semana!
Aquele abraço - Rodrigo Ramazzini
Pessoas são muito esquisitas, complexas, difíceis. Precisa ser artista para vencer um dia sem aborrecimento. Boa essa!
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