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Pesadelo
* Por Marcos Alves
Fim da linha. Não tinha mais jeito, estava encurralado em um lugar escuro e fétido, depois de uma fuga mal empreendida por vales e montanhas que nem pôde olhar direito tamanho era o pânico de ser apanhado.
Desceu barrancos, atravessou corredeiras a nado, pulou cercas e muros, correu dos cães, desviou-se das pedras e outros objetos atirados em sua direção. Horas e horas correndo, alta adrenalina, o coração querendo sair pela garganta.
Não tinha coragem de olhar para trás, a ameaça cada vez mais próxima. Momentos de agonia, desespero e um sofrimento sem fim. Olhou para o lado, numa tentativa ainda de encontrar uma saída. Não dava para enxergar nada, era o breu.
Encostou-se no paredão úmido e suas mãos sentiram o musgo agarrado na pedra, uma fortaleza vertical onde era impossível uma escalada salvadora. Suava frio e já não raciocinava. Nem sabia como entrara em tamanha enrascada.
Um grito. Foi o que lhe restou fazer. Um grito que lhe saiu das entranhas e expulsou os demônios aprisionados no peito. Um grito de som indescritível, que ecoou no paredão e que fez de repente surgir um clarão acima da cabeça e que foi tomando conta do espaço em torno daquele corpo estremecido de horror.
Foi quando acordou assustado depois do sono pesado e um ou mais pesadelos dos quais nem se lembrava direito. Apenas desse, o mais recente, pouco antes de despertar. E foi o suficiente para lhe resgatar um suspiro de alívio. Levantou-se e foi até o banheiro lavar o rosto, escovar os dentes, tirar da boca o ranço e ver a própria cara no espelho.
Trocou de roupa e saiu, o dia começando com um sol de primavera, poucas nuvens no céu. Entrou no ônibus e seguiu rumo ao trabalho. Pela janela, observou a mesma rotina de sempre das calçadas sujas da cidade: pedintes, estudantes a caminho do colégio, vendedores ambulantes e vitrines.
* Jornalista, www.marcos-alves.blogspot.com
* Por Marcos Alves
Fim da linha. Não tinha mais jeito, estava encurralado em um lugar escuro e fétido, depois de uma fuga mal empreendida por vales e montanhas que nem pôde olhar direito tamanho era o pânico de ser apanhado.
Desceu barrancos, atravessou corredeiras a nado, pulou cercas e muros, correu dos cães, desviou-se das pedras e outros objetos atirados em sua direção. Horas e horas correndo, alta adrenalina, o coração querendo sair pela garganta.
Não tinha coragem de olhar para trás, a ameaça cada vez mais próxima. Momentos de agonia, desespero e um sofrimento sem fim. Olhou para o lado, numa tentativa ainda de encontrar uma saída. Não dava para enxergar nada, era o breu.
Encostou-se no paredão úmido e suas mãos sentiram o musgo agarrado na pedra, uma fortaleza vertical onde era impossível uma escalada salvadora. Suava frio e já não raciocinava. Nem sabia como entrara em tamanha enrascada.
Um grito. Foi o que lhe restou fazer. Um grito que lhe saiu das entranhas e expulsou os demônios aprisionados no peito. Um grito de som indescritível, que ecoou no paredão e que fez de repente surgir um clarão acima da cabeça e que foi tomando conta do espaço em torno daquele corpo estremecido de horror.
Foi quando acordou assustado depois do sono pesado e um ou mais pesadelos dos quais nem se lembrava direito. Apenas desse, o mais recente, pouco antes de despertar. E foi o suficiente para lhe resgatar um suspiro de alívio. Levantou-se e foi até o banheiro lavar o rosto, escovar os dentes, tirar da boca o ranço e ver a própria cara no espelho.
Trocou de roupa e saiu, o dia começando com um sol de primavera, poucas nuvens no céu. Entrou no ônibus e seguiu rumo ao trabalho. Pela janela, observou a mesma rotina de sempre das calçadas sujas da cidade: pedintes, estudantes a caminho do colégio, vendedores ambulantes e vitrines.
* Jornalista, www.marcos-alves.blogspot.com
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