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Pisando na bola
* Por Rodrigo Ramazzini
Turma do trabalho reunida em uma mesa de bar, após o futebol das quartas-feiras. Na TV, é transmitido um jogo do campeonato brasileiro. Após um gol nesta partida e muitos copos de cerveja, inicia-se uma entusiasmada e concentrada “discussão futebolística”.
- Não há nada mais deprimente do que o rosto de um goleiro buscando a bola no fundo das redes depois do gol, né?
- Concordo contigo, Carlos!
- Eu também!
- Pior!
- É uma situação mesmo...
- Eu não concordo! Acho mais deprimente o rosto de um jogador depois que perde um pênalti.
- Essa é forte também!
- É sim!
- Mas eu ainda fico com o goleiro!
- E tu Roger, que és goleiro. O que achas?
- Não sei... Não sei o que é buscar a bola no fundo das redes!
- Ha! Ha! Ha! Sai pra lá!
- Pronto! Era só que me faltava... Ha! Ha! Ha!
- Craque! Ha! Ha! Ha!
- Dizem que o Roger está há 736 minutos sem levar um gol! Ha! Ha! Ha!
- Só se essa matemática contabiliza as horas de folga também! Só hoje, foram mais de dez! Ha! Ha! Ha!
- Eu contei oito gols! Ha! Ha! Ha!
- Mas voltando ao assunto... Deprimente também é o rosto de um técnico que está à beira de ser demitido por causa dos resultados e o time leva o quarto gol!
- Bah!
- Boa...
- Bem lembrado!
- Deprimente por deprimente... O rosto de torcedores, em um jogo de final de campeonato no estádio do time, e o adversário faz aquele terceiro gol é insuperável!
-Tem essa também!
- Forte!
- Isso tu conheces bem, né Freitas?
- Só eu? Só eu? Ha! Ha! Ha!
- Vamos fazer uma votação. Qual o rosto mais deprimente do futebol: o goleiro depois do gol, o do jogador depois do pênalti perdido, do técnico ou dos torcedores. Carlos?
- Eu ainda fico com o goleiro!
- Roger?
- Torcedor!
- Freitas?
- Torcedor!
- Rubens?
- Jogador!
- Álvaro?
- Técnico?
- Cabeça?
- Goleiro!
- Alguém está somando os votos aí?
- Eu! Segue...
- Melão?
- Goleiro!
- Pra desempatar, hein! E tu Sílvio?
Eis que antes do Sílvio responder o questionamento, adentra no bar, uma morena com cabelos compridos até as salientes e redondas nádegas. Nádegas essas que eram semi-cobertas por uma jaqueta de couro preta e envolvidas por uma justa calça marrom, que “emoldurava”, ainda, as torneadas pernas. As botas pretas e o discreto piercing no umbigo excitavam as mentes mais pervertidas. Silêncio na mesa.
A morena entra no bar, pára por um breve instante, mira a mesa com os seus grandes olhos, e sabendo que seria “devorada” por olhares sedentos, ergue a cabeça, joga os cabelos para o lado e “desfila” até o balcão de atendimento para deleite de todos. Silêncio na mesa. O cheiro do seu perfume inunda o ambiente. Sob olhares vigilantes, ela compra algo e no retorno, o Roger, pedindo a atenção de todos, solta o verbo para a morena:
- Ê lá em casa! Caiu do céu, princesa?
A morena passa por Roger, balança levemente a cabeça e abre um sorrisinho. Então, ele comenta:
- Viram? Ganhei a gostosa! Estou com a bola cheia...
Silêncio na mesa. E antes que alguém tecesse algum comentário, a morena escutando a exclamação de Roger, volta e fala:
- Só sorri porque te achei com a maior cara de palhaço!
Silêncio na mesa, quebrado apenas pela conclusão do Carlos:
- O rosto mais deprimente é daquele jogador, a estrela do time, que entra em campo de “salto-alto”, já achando que a partida está ganha, e quando tem a oportunidade de “matar o jogo”, em um lance frente a frente com a goleira, ele é traído pela sua confiança e pisa em cima da bola...
Todos olham para Roger e as gargalhadas tomam a mesa.
* Jornalista
* Por Rodrigo Ramazzini
Turma do trabalho reunida em uma mesa de bar, após o futebol das quartas-feiras. Na TV, é transmitido um jogo do campeonato brasileiro. Após um gol nesta partida e muitos copos de cerveja, inicia-se uma entusiasmada e concentrada “discussão futebolística”.
- Não há nada mais deprimente do que o rosto de um goleiro buscando a bola no fundo das redes depois do gol, né?
- Concordo contigo, Carlos!
- Eu também!
- Pior!
- É uma situação mesmo...
- Eu não concordo! Acho mais deprimente o rosto de um jogador depois que perde um pênalti.
- Essa é forte também!
- É sim!
- Mas eu ainda fico com o goleiro!
- E tu Roger, que és goleiro. O que achas?
- Não sei... Não sei o que é buscar a bola no fundo das redes!
- Ha! Ha! Ha! Sai pra lá!
- Pronto! Era só que me faltava... Ha! Ha! Ha!
- Craque! Ha! Ha! Ha!
- Dizem que o Roger está há 736 minutos sem levar um gol! Ha! Ha! Ha!
- Só se essa matemática contabiliza as horas de folga também! Só hoje, foram mais de dez! Ha! Ha! Ha!
- Eu contei oito gols! Ha! Ha! Ha!
- Mas voltando ao assunto... Deprimente também é o rosto de um técnico que está à beira de ser demitido por causa dos resultados e o time leva o quarto gol!
- Bah!
- Boa...
- Bem lembrado!
- Deprimente por deprimente... O rosto de torcedores, em um jogo de final de campeonato no estádio do time, e o adversário faz aquele terceiro gol é insuperável!
-Tem essa também!
- Forte!
- Isso tu conheces bem, né Freitas?
- Só eu? Só eu? Ha! Ha! Ha!
- Vamos fazer uma votação. Qual o rosto mais deprimente do futebol: o goleiro depois do gol, o do jogador depois do pênalti perdido, do técnico ou dos torcedores. Carlos?
- Eu ainda fico com o goleiro!
- Roger?
- Torcedor!
- Freitas?
- Torcedor!
- Rubens?
- Jogador!
- Álvaro?
- Técnico?
- Cabeça?
- Goleiro!
- Alguém está somando os votos aí?
- Eu! Segue...
- Melão?
- Goleiro!
- Pra desempatar, hein! E tu Sílvio?
Eis que antes do Sílvio responder o questionamento, adentra no bar, uma morena com cabelos compridos até as salientes e redondas nádegas. Nádegas essas que eram semi-cobertas por uma jaqueta de couro preta e envolvidas por uma justa calça marrom, que “emoldurava”, ainda, as torneadas pernas. As botas pretas e o discreto piercing no umbigo excitavam as mentes mais pervertidas. Silêncio na mesa.
A morena entra no bar, pára por um breve instante, mira a mesa com os seus grandes olhos, e sabendo que seria “devorada” por olhares sedentos, ergue a cabeça, joga os cabelos para o lado e “desfila” até o balcão de atendimento para deleite de todos. Silêncio na mesa. O cheiro do seu perfume inunda o ambiente. Sob olhares vigilantes, ela compra algo e no retorno, o Roger, pedindo a atenção de todos, solta o verbo para a morena:
- Ê lá em casa! Caiu do céu, princesa?
A morena passa por Roger, balança levemente a cabeça e abre um sorrisinho. Então, ele comenta:
- Viram? Ganhei a gostosa! Estou com a bola cheia...
Silêncio na mesa. E antes que alguém tecesse algum comentário, a morena escutando a exclamação de Roger, volta e fala:
- Só sorri porque te achei com a maior cara de palhaço!
Silêncio na mesa, quebrado apenas pela conclusão do Carlos:
- O rosto mais deprimente é daquele jogador, a estrela do time, que entra em campo de “salto-alto”, já achando que a partida está ganha, e quando tem a oportunidade de “matar o jogo”, em um lance frente a frente com a goleira, ele é traído pela sua confiança e pisa em cima da bola...
Todos olham para Roger e as gargalhadas tomam a mesa.
* Jornalista
Não sei pq vc ainda não lançou a sua peça. Será sucesso de público e de crítica, com certeza, pq vc sabe armar a trama, desenvolver diálogos, armar o clima, encaminhar o desfecho e concluir sempre de forma interessante. Parabéns.
ResponderExcluirSobre a marca do pênalti, a obrigação do jogador é marcar o gol, assim quando ele o perde, o desapontamento e sua respectiva face é a pior de todas. Outra face desarmada é a do amigo que fez a cantada desastrosa. Indizível!
ResponderExcluirO texto é muito bem construido, e encaminhado para um desfecho que nos surpreende. Parabéns, Rodrigo!
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