terça-feira, 9 de junho de 2009




Amor de domingo (II)

* Por Fábio de Lima

- Você vem sempre ao parque aos domingos, Dani? Posso chamá-la de Dani?
- Desde que você não me peça para eu chamá-lo de Fá, pode.
- Não pedirei.
- Mas eu chamarei você de Fá. Eu quero. E se você não gostar, vamos sair na porrada agora mesmo!
- Nossa, meu Deus! Para que tanta violência?! Não seria para tanto.
- Ah, que bom que você tem medo de mim. Eu adoro causar essa sensação nos homens.
- Você é sempre bem humorada assim?!
- Sempre não. Só nos domingos gelados de inverno às sete horas da manhã!

A conversa foi ficando cada vez mais alegre e depois de uma meia hora parecia que já nos conhecíamos fazia muito tempo. Descobrimos ter a mesma profissão: jornalista. Descobrimos ter o mesmo signo: sagitário. Descobrimos adorarmos cinema. E fomos, ao longo do passeio, descobrindo semelhanças entre nós que só nos fazia pensar como podia não termos nos conhecido antes.

- Meu ex-marido dizia que eu sou muito tagarela. Você me acha tagarela?
- Olha, para ser sincero, eu pensei em te falar isso várias vezes, mas você não me dava tempo de falar nada...!
- Bobo, idiota...!
- Ah, e, além de tagarela, é grosseira também!

Fazia tempo que eu não conhecia uma pessoa tão agradável como a Daniela, e também inteligente e culta. Eu estava surpreso e feliz e dava risada de tudo, assim como ela também parecia se divertir bastante e se interessar por todas minhas opiniões e brincadeiras.

- Quer dizer que você já foi casada?
- Sim, por seis anos. Me separei vai fazer um ano.
- Nossa! Mas você casou com 11 ou 12 anos, então?
- Obrigada pelo elogio disfarçado, mas eu já não sou tão menininha assim. Só por que sou baixinha e tinjo os cabelos para não aparecerem os fios brancos ainda tem gente que pensa que estou na adolescência, mas essa minha fase já passou faz tempo. E você, já foi casado?
- Não, ainda não. Mas pretendo casar e ter filhos. Só ainda não achei a pessoa certa.
- Uma hora essa pessoa aparece. Normalmente é quando a gente menos espera.
- Dizem que sim.

Parecia inacreditável, mas já passava das 11h30. Já havíamos andado o parque inteiro. E o assunto entre nós dois continuava rendendo.

- O que você vai fazer agora à tarde?
- Não sei ainda. Talvez vá ao cinema. Talvez fique em casa arrumando um pouco a bagunça. E você, vai fazer o quê?
- Bem, talvez eu vá ao cinema. Se não for, devo assistir algum filme em DVD, em casa mesmo.
- Sei.
- Você gosta de comida japonesa?
- Amo!
- Sério?!
- Sério!
- Quer almoçar comigo? Conheço um restaurante japonês ótimo e super tranqüilo no bairro da Lapa.
- Ah, não sei. Ainda está cedo para almoçar.
- Verdade, mas até chegarmos lá. Podemos tomar alguma coisa antes do almoço. Sem contar que eu não tomei café e já estou com fome! Você tomou?
- Também não! E já está dando fome sim.
- Então, vamos lá?!
- Está bem. Vamos!

(Continua na próxima semana)

* Jornalista e escritor, ou “contador de histórias”, como prefere ser chamado. Está escrevendo seu primeiro romance, DOCE DESESPERO, com publicação (ainda!) em data incerta.

7 comentários:

  1. Admiro quem tem capacidade de escrever diálogos convincentes. Estou gostando muito dessa conversa. Abrir uma porta através de uma possibilidade de relacionamento é sempre instigante. Vá em frente com a conversa e que surja algo mais, embora uma boa amizade possa durar muito e sem trazer ciúmes nem dores.

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  2. Vamos.
    Aguardo a continuação.
    Será que teremos um final feliz ou alguém está entrando numa " furada" ?
    Fiquei curiosa, Fábio.

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  3. Oi Fabio

    Põe logo esss dois namorando. Não aguento mais esperar...rs,rs
    Beijo
    Risomar

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  4. Oi Fábio, adorei o encontro entre os personagens e o diálogo! O texto tem vida, tem ritmo, tem verdade! A conversa prende a atenção do leitor. Agora nos resta esperar a semana que vem ... Parabéns!

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  5. Está ótimo esse diálogo. Um ótimo começo, Fábio. Estou torcendo e esperando. Beijos e parabéns!

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  6. Tá esquentando, a coisa toda promete. O almoço já tá acertado, vamos ver do que se trata a sobremesa ... Uhm ... não sai da minha cabeça aquela cerejinha por cima. Mais não falo que me arrepio todo. Aguardemos o desenrolar da retreta. Conte, conte mais, caro Fábio.

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  7. Eu aposto em final feliz. E vocês?

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