domingo, 3 de maio de 2009




Perfil para ser amigo, mas daqueles porretas.

* Por Seu Pedro

Somente na idade maior, aquela pela qual encompridamos, é que melhor começamos a selecionar de quem poderíamos ter sido amigo em mais tempo, ou quem se enquadra nisto agora. Amizade não é estar no barzinho, fazer companhia em festas ou ambientes indesejáveis, achar que é domo da casa do amigo, pedir dinheiro emprestado e não pagar, exigir que lhe façam o impossível, e por ai vai!

Amigo é aquele que lhe dá o que tem sem que lhe faça falta. É o que o escolhe, mas que sabe seus limites. Amizade não é uma coisa escolhida, é uma comunhão de idéias e gostos. Alguém que não goste de cores e tintas teria como ser amigo de um pintor, artista plástico? Fica meio difícil! Como trocariam idéias sobre as tonalidades e as telas? No máximo poderia ser um bom conhecido.

Sei que por delicadeza, costume, e manias, é que nos acostumamos chamar quase todos com quem nós ainda não brigamos de amigos. É igual à história de chamar alguém com um pouco mais de estudo, ou um melhor emprego, de doutor. Doutores são os doutorados, depois que se tornaram mestres. Chamamos de doutor aos médicos por causa da assimilação do inglês doctor, como classificam por lá os médicos. Advogados nós os chamamos porque somos abusados com nossa língua. Afinal são bacharéis e poucos, quase nenhum, se estendem pelo doutorado.

Quero o direito de chamar quem eu quero do que eu quiser. Um dia destes, lá vinha em um carro um senhor, que nem bem conheço, e parando, emparelhado, me acenou e perguntou se eu ia bem de saúde. Respondi que sim. Minha filha me perguntou que era. E eu, comodamente, respondi: é um amigo. Que amigo é este que além de eu não ter identificado nele nada em comum com minha pessoa, me ignorou? Um dia destes, chovendo, sem carro, eu me abriguei embaixo de uma marquise. Ele parou no mesmo sinal, igualmente me acenou, e arrancou sem perguntar para onde eu ia ou se eu estava com frio.

Para alguém ser amigo, tem que se conhecer e ter na vida algo em comum. Tem que ser porreta e daqueles que se vai aos poucos conhecendo e depois fazemos a proposta: ”Quer ser meu amigo?” Agora estou pensando em uma amizade que toque violão, seja quase da minha idade, seja jornalista aposentado, goste de poesia, de escrever, de passar e-mail, creia em Deus e goste de Guanambi, mesmo que more em Salvador, e que tenha o nome de Ari...

Será que eu conheço algum?

(A foto é do jornalista Ari Donato).

(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia.

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