Momento crítico da História
O
momento atual – quando ainda sequer se completou a segunda década
do terceiro milênio da Era Cristã –, é, com certeza, o ponto
crítico da História. Por qualquer aspecto que se encare o futuro,
este se apresenta nebuloso, sombrio e obscuro, com perspectivas
catastróficas para a humanidade, embora esta, na sua absoluta
maioria, em incompreensível e estúpida alienação, não se dê
conta do perigo iminente que a ameaça. O Brasil de hoje, sob ameaça
de incontrolável convulsão social, é exemplo característico
disso.
A
atual civilização tecnológica (ou seria financeira, que deifica
essa coisa sem rosto e vaga chamada eufemisticamente de MERCADO?),
que tentam nos vender como panaceia para todos os males (quando na
verdade é causadora deles), como a maravilha das maravilhas, como a
única possível de assegurar vida digna e racional à maioria dos
habitantes da Terra, sem qualquer alternativa melhor, fracassou.
E
nem poderia dar certo, se levarmos em conta, por exemplo, que o
patrimônio pessoal de somente 358 pessoas (se tanto) é maior que a
renda anual de 45% da população mundial! Absurdo dos absurdos! E
não inventei esses dados. Eles constam do Relatório do Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento divulgado em 2004. Hoje a
coisa melhorou? Claro que não! Piorou e muito! Notem bem, não me
refiro a três bilhões de pessoas, ou a três milhões ou até a 300
mil, mas a reles “358” (e isso há catorze anos)! Como pode
subsistir um sistema assim?! Não pode!
Tem
mais. Como esperar que uma “civilização”, em que as 200 maiores
corporações, que representam um terço da atividade econômica
mundial, empregam, somente, 0,75% (menos de 1%) da mão de obra
disponível do Planeta, possa prosperar e se consolidar?! E o que
dizer da forma como esses 0,75% de privilegiados são tratados pelos
patrões?!
O
matemático, filósofo e ativista político inglês, Sir Bertrand
Russell (que não tinha papas na língua), fez a seguinte observação,
acerca desse tratamento, por parte dos que buscam manter, a ferro e
fogo, esta civilização tecnológica, em que o todo-poderoso MERCADO
foi alçado à condição de deus: “O liberalismo acha
perfeitamente normal o patrão dizer ao empregado: ‘morrerás à
míngua!’. Mas não concorda se o subordinado responder: ‘morrerás
antes à bala’”. Como esperar que algo assim prospere e dê
certo?! Claro que não é possível!
Existem
alternativas? Existem, e muitas. Ocorre que nada de prático vem
sendo feito para a substituição do que aí está por algo melhor. E
a tendência é a de piorar e de até se chegar a um impasse que,
provavelmente, acabará decidido pelas armas, pela violência cega e
irracional. E quem garante que nessas circunstâncias os vastos
arsenais termonucleares das potências atômicas não venham a ser
utilizados? Aliás, nem é necessária nenhuma insana decisão da sua
utilização. Um acidente (que por maiores que sejam as precauções,
sempre é possível de acontecer), a qualquer momento pode mandar
tudo pelos ares. E ninguém se dá conta, ninguém se preocupa,
ninguém sai às ruas para protestar contra essa insanidade.
Pelo
contrário, as pessoas continuam, doce e passivamente, consumindo,
consumindo e consumindo (claro, a minoria que pode consumir). E a
indústria segue produzindo, produzindo e produzindo. E a população
mundial (o um terço dela de privilegiados que tem acesso ao consumo,
claro) prossegue desperdiçando, desperdiçando e desperdiçando.
Ocorre
que as principais matérias-primas, que sustentam todo esse sistema
econômico perverso e predatório, não são renováveis e nem
abundantes. Estão ficando cada vez mais escassas nos países que as
utilizam. Qual a alternativa? Avançar sobre as reservas dos países
miseráveis e fracos que, além de tudo, são indefesos. Fala-se,
agora, em minerar asteroides, outra insanidade. Mas…
Alguém
acredita, bem no íntimo, em sã consciência, que a invasão
norte-americana ao Iraque foi, apenas, para derrubar Saddam Hussein e
restabelecer a democracia? Que a decisão foi tomada para punir quem
de alguma forma teve responsabilidade na destruição das torres
gêmeas do World Trade Center de Nova York, em 11 de setembro de
2001? Santa ingenuidade!
Quem
crê nisso, deveria ler esta declaração, feita pelo ex-secretário
de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger, ainda nos anos 80: “Os
países industrializados precisam ter, à sua disposição, os
recursos naturais não-renováveis do Planeta. Para isso, terão de
montar sistemas mais requintados e eficientes de pressão e
constrangimentos que garantam a realização dos seus objetivos”.
Só faltou dizer, claramente, portanto, que as potências devem
pilhar os bens dos que os têm. Mas isso está dito pelo menos nas
entrelinhas.
Kissinger,
no entanto, limitou-se somente a reforçar a tese defendida por outro
secretário de Estado norte-americano, John Forster Dulles, que em
meados dos anos 50 havia declarado: “Há duas maneiras de se
conquistar um país: pelas armas ou pelas finanças”. As potências
recorrem às duas.
É
esta “democracia” que você, leitor amigo, quer para os seus
filhos e netos? É esta a civilização que se pretende a ideal para
a humanidade? É isto o que tantos e tantos querem que dure?! É
preciso ser muito inteligente para deduzir que tudo isso está com os
dias contados? Acredito que não!
Sonho
com o período em que os meus netos vão achar isto que aí está,
que alguns consideram o suprassumo de civilização, como grotesca e
patética barbárie. Em que o homem aprenderá a conviver com a
natureza e, principalmente, será justo, solidário e altruísta em
relação aos semelhantes (a todos, e não apenas a parcos
privilegiados).
Afinal,
como o laureado escritor francês Anatole France escreveu, no início
do século passado: “O que os homens chamam de civilização é o
estado atual dos seus costumes e o que chamam de barbárie são os
estados anteriores. Os costumes serão chamados bárbaros quando
forem costumes passados”. Serão, de fato. Isto, se os homens não
destruírem o mundo antes! Queiram ou não, está caminhando,
celeremente, para isso.
Boa
leitura!
O
Editor.
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