As
esculturas da Praça da Independência
*
Por Clóvis Campêlo
Situada
no bairro do Santo Antônio, no centro histórico do Recife, segundo
a Wikipédia, é a mais antiga praça da cidade. Durante o domínio
holandês, constava nos mapas da época o local chamado de Terreiro
dos Coqueiros. Mudou de denominação várias vezes, sendo
chamada dePraça Grande, Praça do Comércio, Praça
da Ribeira e Praça da Polé. Em 1816, após uma
reforma, mudou de denominação para Praça da União.
Finalmente, em 1833, recebeu o nome atual de Praça da
Independência. Porém, por abrigar durante muito tempo o prédio
do Diario de Pernambuco, passou a ser chamada pelo povo recifense
como a Pracinha do Diário.
Segundo
texto da pesquisadora Samira Adler Vainsencher, publicado em 2003 no
site da Fundaj, “a Praça da Independência é considerada, hoje,
como aquela de maior movimento na cidade do Recife. Por ela, cruzam e
iniciam avenidas e ruas de grande relevância, tais como a rua Duque
de Caxias, a rua 1º de Março, a avenida Dantas Barreto, a rua Nova,
a avenida Guararapes, o Largo do Rosário, a rua Matias de
Albuquerque e a rua Engenheiro Ubaldo Gomes de Matos. Como o coração
do bairro de Santo Antônio, além disso, é nela que onde são
realizados os grandes comícios e de onde partem passeatas,
procissões, cortejos cívicos, os blocos de carnavais. Esse
logradouro público, portanto, continua centralizando os mais
recentes acontecimentos, manifestações e/ou reivindicações
ocorridos no Estado de Pernambuco, tanto por parte da política, das
religiões, quanto dos movimentos populares e da cultura”.
Pois
bem, é nessa praça que estão colocadas esculturas e bustos de
personalidades recifenses ou de grande relevo, homenageadas pela
cidade do Recife. A praça hoje, porém, já não tem mais a
relevância que tinha antes do abandono do centro da cidade pelo
poder público e pela iniciativa privada. Como já dissemos antes em
outros textos, encontra-se hoje ocupada por prostitutas, mendigos e
desocupados, os quais, maltratados pela cidade, nem sempre sabem
reconhecer a importância daquelas figuras de pedra e cimento que
ocupam permanentemente o logradouro. Esvaziada de importância, com
os grandes prédios ao seu redor abandonados e em acelerado processo
de ruína, inclusive o prédio que durante anos abrigou o Diario de
Pernambuco, a praça e suas esculturas são constantemente agredidas
pela população.
Na
praça encontram-se esculturas do poeta Carlos Pena Filho, do
empresário Assis Chateubriand, do jornalista Antônio Camelo, além
de um busto cuja placa arrancada não nos deixou identificar o
homenageado. Na praça também existe uma escultura em homenagens aos
mascates do Recife, confeccionada pelo artista Corbiniano Lins,
recentemente falecido.
Pelas
fotografias acima, percebe-se que a intervenção popular nas obras
nem sempre foi positiva ou de reconhecimento. Sinceramente não sei a
quem culpar por isso. Se a cidade, por maltratar e abandonar o seu
povo sofrido, ou se ao mesmo povo, deseducado e sem grandes
esperanças de reabilitação que devolve à praça a mesma violência
e indignação com a qual é tratado pelos poderes constituídos e
pela urbe ameaçadora.
Fica
a pergunta solta no ar.
(Fotografias
de Clóvis Campêlo).
*
Poeta, jornalista e radialista
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